De conjunto, e mundialmente, o setor do AVAC-R reagiu bem às exigências apresentadas pela sociedade para restringir a infecção provocada pelo Sars-CoV-2. Entidades como a estadunidense ASHRAE ou a europeia RHEVA rapidamente apresentaram suas recomendações para a manutenção das mínimas condições de qualidade do ar de interiores. A Abrava tampouco tardou a oferecer respostas através de seus vários departamentos, como o de Projetistas e Consultores, DNPC, Qualindoor, de Tratamento da Água, entre outros. Foram elaboradas Recomendações Normativas, realizados dezenas de webinários e profícua troca de experiências com todas as entidades nacionais e internacionais. Não foram poucas as empresas brasileiras que engajaram-se no esforço público, oferecendo equipamentos e soluções, caso da Tosi, Multivac Ventilação, Ecoquest e Midea Carrier.
“O mercado respondeu muito rápido ao que foi exigido durante a pandemia. De fabricantes a projetistas, todos se prontificaram a passar conteúdo via web e lives para o melhor entendimento de processos e aplicações dos produtos. Durante o ano notamos uma preocupação no cliente final sobre qualidade do ar. Isso é ótimo pra toda a cadeia do AVAC-R , desde a aceitação de um excelente projeto até o entendimento da manutenção preventiva. Durante esse período a Tosi prestou assistência em produtos, tanto chillers para hospitais, onde o retrofit tinha impedimento pelo tamanho para entrar nas salas já existentes, até os inúmeros produtos como caixa de ventilação com filtragem HEPA, fancoletes hospitalares, entre outros. Na região que estamos, Cabreuva, doamos para as UPAs produtos para renovação do ar nas salas de atendimento e isolamento para infectados pela covid”, diz Patrice Tosi, diretora da empresa.
É meritório todo este esforço do setor. Afinal, o mundo não estava preparado para o enfretamento de um evento com tão grandiosas proporções, em que pese os alertas de especialistas ao longo dos últimos anos. “Desta forma, o foco e a velocidade de reação foram as principais armas para o enfrentamento. O setor de AVAC-R vem há muitos anos ressaltando a importância da qualidade do ar nos ambientes internos. Mas com esta pandemia global, o impacto do setor na vida das pessoas foi colocado em foco, o que obrigou a todos explorarem, analisarem e proporem soluções que protegessem a vida dos seus usuários. Foi dada uma maior atenção a esta disciplina, fazendo com que estudos fossem aprofundados e ações importantes fossem tomadas para mitigar os riscos em ambientes internos. O resultado será uma maior aderência na utilização de tecnologias e soluções existentes, assim como o surgimento de novas soluções tecnologicas que se somarão aos sistemas para melhorar a performance, a qualidade do ar e aumentar a proteção dos usuários”, acredita Wagner Rafael de Moura, coordenador de conhecimento e relacionamento da Mercato Automação.
A resposta foi tão efetiva que chegou a surpreender veteranos. “Em minha vida profissional de mais de 35 anos eu nunca tinha visto tanta publicação de excelente qualidade sendo produzida em tempo tão curto e sendo disponibilizada gratuitamente. Foi criado o canal Abrava Covid-19 com muita informação importante e elucidativa. Recomendo o acesso ao mesmo para leitura e aprendizado. Por outro lado, mudanças sociais profundas provocadas pela pandemia prometem mudar, a longo prazo, a forma como o consumidor se comporta. A consciência mais latente a respeito dos “perigos invisíveis” impactou diretamente no nível de exigência que os consumidores têm sobre os locais que frequentam. O conceito de limpeza ganhou um sentido mais amplo, incluindo também a atenção à qualidade do ar que respiramos”, afirma Manoel Gameiro, diretor comercial da Ecoquest.
Mudança de percepção
Leonardo Cozac, diretor da Conforlab e diretor de operações e finanças da Abrava, é outro que faz uma avaliação positiva do período. “Eu vi cenários de oportunidades de crescimento do setor AVACR. O aumento da importância da qualidade do ar dentro de ambientes fechados, valoriza sistemas de climatização bem projetados, instalados e mantidos. A renovação de ar passou a ser um item fundamental para os ambientes. Segundo dados da Conforlab, esse é o principal parâmetro com resultados em análises de QAI segundo a Resolução 09 da ANVISA, ou seja, altos valores de CO2. Isso mostra um mar de oportunidades de adequações de sistemas de ar-condicionado em todo o país. Também vi um grande aumento na comercialização de produtos de purificação de ar, como equipamentos portáteis com filtro HEPA, lâmpadas UVC e fotocatálise.”
O balanço da entidade também é favorável, na opinião de Cozac. “A Abrava se posicionou rapidamente alertando para a necessidade do aumento da ventilação dos ambientes. Isso através da publicação de vídeos, de informativos e pela publicação das Renabravas 09 e 10. Destaco ainda a participação fundamental da Abrava na revisão da Nota Técnica 003 da ANVISA sobre o uso de sistemas de climatização. Com a informação correta, temos a expectativa de que os ambientes mais ventilados reduzem o risco de contaminação do vírus pelo ar. Entendo que houve um claro aumento na preocupação em relação ao ar que respiramos dentro de ambientes fechados. Falo por experiência própria, com a elevação da hierarquia na interlocução com nossos clientes. Antes o normal era tratar desse assunto a nível de coordenação e, às vezes, gerência. Hoje há diretores e até mesmo CEOs tratando do tema”, completa Cozac.
Esta mesma percepção é manifestada pelo presidente do Qualindoor da Abrava, Marcelo Munhoz. “Todas as entidades e associações se pronunciaram com o intuito de orientar o setor, vejo que as empresas num modo geral traduziram bem as orientações ofertando novos produtos que se adequassem à nova realidade, bem como instaladores e clientes dando mais atenção à qualidade do ar interno. A Abrava adotou as medidas recomendadas pela maioria das entidades internacionais, além disso mobilizou todo seu staff para orientar de forma massiva todo o setor. Sem dúvidas há uma nova percepção, muitas empresas e pessoas não davam valor ao QAI, julgavam supérfluo e apenas mais um custo desnecessário aos edifícios; além disso, a sociedade como um todo que era leiga começou a se interessar mais pelo tema. Muitos não compreendiam os riscos de usar um ar-condicionado sem manutenção ou sem renovação de ar adequada.”
Também Carlos Raimo, gerente de engenharia de aplicação da Trox, considera ter havido uma mudança de percepção dos usuários em relação à qualidade do ar interno. “Principalmente quando falamos de renovação de ar, estamos mais preocupados com a qualidade e quantidade de ar novo nos ambientes”. A empresa ofereceu no período diversas soluções, como caixas de exaustão e ventilação com filtragem, além de disponibilizar todo o corpo técnico para ajudar clientes a encontrar a melhor solução em função de instalações existentes.
“Acredito que sem um profundo conhecimento do que estávamos enfrentando, e trabalhando de forma isolada, jamais conseguiríamos fornecer soluções eficientes e seguras. Frente a isso vimos vários profissionais de diversas empresas compartilhando seu conhecimento em eventos online além das numerosas palestras organizadas pela Abrava que nos traziam informação de especialistas de referência em seus setores de atuação. Essa troca de conhecimento e sinergia entre fabricantes, projetistas, integradores e instaladores resultou em soluções muito mais abrangentes e eficazes para os ambientes”, diz Moura.
O coordenador da Mercato entende que através da evolução de processos e tecnologias foi possível acelerar a reocupação de alguns ambientes de forma mais segura. “Desta forma, contribuir para que outros setores também pudessem voltar a produzir e se aproximar de um estado de normalidade. Diante de uma crise global em que o sistema de ar-condicionado poderia ser o grande vilão, foi através dele que se pode tratar ambientes com soluções de maior filtragem, aumento da renovação de ar e de purificação ativa do ar, por exemplo.”
Soluções e tecnologias
A ameaça provocou, também, uma corrida em direção às soluções para combater a infecção pelo novo coronavírus. “Para que o vírus chegue e seja transmitido dentro de uma edificação, é preciso que um usuário infectado o traga. Desta forma, precisamos inicialmente mitigar este primeiro risco; fornecemos sistema de CFTV (circuito fechado de tv) dotado de análise térmica e analíticos que detectam pessoas sem máscara ou que não estejam respeitando o distanciamento estipulado. Uma vez que essa barreira tenha sido vencida, dentro do ambiente oferecemos o uso de sistema de purificação do ar ativa (PHI), sensores de CO2, VOCs, temperatura, umidade, trabalhando em conjunto com o sistema de automação para promover o controle da renovação e exaustão de ar, quando necessário, de forma a preservar a eficiência energética. Tudo isso gerenciado por um sistema supervisório que através dos seus analíticos irá fornecer informações imprescindíveis para análise e tomada de decisão segura e eficaz”, afirma Moura da Mercato.
Já a Ecoquest, segundo Manoel Gameiro, oferece tecnologias ativas como a IRC (Ionização Radiante Calalítica) que consiste na produção de oxidantes naturais baseados em oxigênio e hidrogênio, sendo o principal deles o Peróxido de Hidrogênio (H2O2). “Este gás natural e inócuo é produzido através de células fotocatalíticas instaladas nos dutos de ar-condicionado ou através de equipamentos portáteis instalados nos ambientes e, se bem dimensionado, pode ser uma excelente arma para aumentar a segurança microbiológica do sistema de ar condicionado contra o Sars-CoV-2, pois iremos atuar no local aonde ocorre o maior risco de contaminação, uma vez que as pessoas são a fonte geradora do problema.”
Outros produtos oferecidos pela Ecoquest são: Solução Aerus Medical Guardian, para descontaminação de ambientes de saúde; lâmpadas UV-C germicidas para a superfície das serpentinas visando a eliminação do biofilme; descontaminação por meio do ozônio em ambiente não ocupado; sensores de medição da qualidade interna do ar que incluem medição de particulados, TCOV, CO2 , umidade entre outras. A empresa protagonizou algumas iniciativas sociais no período. Em abril doou 3 mil máscaras N95 para a Santa Casa de São Paulo com a intermediação da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP).
“Destaco as análises da qualidade do a interno como principal serviço prestado, podendo ser feita com amostrais laboratoriais, conforme Resolução 09 da ANVISA ou com sistema de monitoramento online, em tempo real. Ainda, ampliamos muito os testes de eficiência de equipamentos de purificação de ar. Muitos novos produtos chegaram ao mercado necessitando de validação antes de sua comercialização”, esclarece Cozac da Conforlab.
No período a Conforlab doou o serviço de análises da qualidade do ar para hospitais de campanha, principalmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. “Garantir um ambiente com ar bem ventilado é fundamental para redução de riscos de contaminação”, conclui Cozac.
Leia direto na fonte no Portal Engenharia & Arquitetura AQUI