Transmissão aérea da Covid-19, janelas e portas abertas, correntes de ar, troca de ar, exaustão são algumas das ações em evidência destacadas durante o webinar do Qualindoor da ABRAVA

 

Desde que foi confirmado por diversos órgãos que o SARS-Cov-2 ou coronavírus é transmitido pelo ar, a ventilação e a renovação do ar em ambientes fechados ganharam destaque como um dos caminhos primordiais para diminuição do contágio. Foi pensando neste cenário que o Qualindoor – Departamento Nacional da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento realizou no dia 31 de março o webinar “O Ar Condicionado na pandemia – benefícios para a saúde”. Para a ocasião foram convidados dois profissionais de áreas distintas, mas complementares neste momento de pandemia, o Médico Prof. Paulo Saldiva e o especialista do setor AVAC-R o Eng. Prof. Dr. Antonio Luis de Campos Mariani.

Para Marcelo Munhoz, presidente do Qualindoor ABRAVA e Sócio-Diretor da Sicflux,” Este webinar esclareceu que ambientes existentes, precisam obrigatoriamente ter renovação de ar adequada e bem dimensionada atendendo às normas vigentes como prevenção do contágio de qualquer tipo de vírus presentes no ar”.

Na programação do evento que contou com a mediação de Marcelo Munhoz, um médico e um engenheiro levaram para o evento informações relevantes a respeito o uso do ar-condicionado e sua relação com a saúde neste momento de pandemia.

O Eng° Dr. Prof. Antonio Luis de Campos Mariani coordenador do LEQAI – Laboratório de Estudos da Qualidade do Ar de Interiores da POLI-USP, apresentou no webinar aspectos relacionados a “Ventilação e o ar-condicionado na pandemia”. Alguns pontos foram evidenciados como dúvidas gerais, por exemplo: Para que servem os sistemas de ventilação e o ar-condicionado? Estes equipamentos são operados/utilizados corretamente?

A importância da renovação do ar e da ventilação em ambientes internos destacam a relevância da responsabilidade técnica, onde a falta de informação e de compromisso dos gestores  de locais que possuem sistemas de ar-condicionado, em itens como  manutenção, cumprimento das leis e normas existentes, impactam diretamente na qualidade de vida e saúde das pessoas que circulam nestes ambientes, sujeitos a situações como o excesso de CO2 ou algum vírus, como o coronavírus que se faz presente em muitos ambientes internos atualmente.

Mariani apresentou um paralelo de situações que deixam a ventilação de ambientes em evidência, a exemplo do fato histórico referente à morte da neta de Cândido Portinari em 2014, atribuída ao vazamento de gás durante o banho por culpa do pedreiro que fez a instalação, quando na verdade o problema estava na falta de ventilação e renovação do ar. Fatos como estes são comuns, e essas tragédias são sempre creditadas a profissionais não habilitados para execução do serviço, e por este motivo, informar e educar os setores responsáveis e a Sociedade com o objetivo de provocar uma mudança cultural em relação aos direitos e deveres de todos os agentes envolvidos com a temática renovação de ar e ventilação é um desafio.

O Dr. Paulo Saldiva, um dos 239 cientistas do mundo que assinou a carta à OMS reconhecendo a transmissão da COVID19 por micropartículas foi o convidado para abordar o tema com foco médico, que em sua palestra “Ambiente interno e a Covid-19” destacou que a maioria das contaminações acontecem em ambientes internos por não possuírem ventilação ou renovação do ar adequadas.

O risco de contaminação como a do coronavírus em ambientes externos é pequeno, e se dá devido às aglomerações, e não restam dúvidas que o local com maior índice de contágio são os ambientes fechados, sem renovação e sem ventilação, em especial os com maior número de pessoas, é por esse motivo que o distanciamento social estabelecidos nos protocolos devem ser seguidos.

De modo geral, o ar respirado em ambientes internos é composto por diversos agentes como poeira, produtos químicos usados para limpeza de ambientes, ácaros, fungos, radônio, queima de biomassa, entre tantos outros, como o vírus do SARS-Cov-2, responsável pela pandemia que assola o mundo. Neste contexto, entre diversos fatores, entra em evidência o fator chamado de “síndrome dos edifícios doentes” que apresenta edifícios que não atendem as condições necessárias para a correta qualidade do ar, comprometendo assim diretamente a saúde das pessoas no ambiente.

Em sua palestra, Saldiva destacou ainda que, a limpeza física dos ambientes é necessária, e que a renovação do ar e a ventilação no ambiente são fundamentais evitando que haja estagnação do ar interno no local, que são base de problemas como baixa produtividade, doenças respiratórias de diversas origens, e que resultam em milhares casos de pessoas que vão a óbito todos os anos. De acordo com o histórico, quando ocorreu a contaminação via SARS-Cov-1 em 2000, o uso do ar-condicionado chegou a entrar em pauta devido à constatação de muitos sistemas inadequados. Atualmente, esta tese perdeu forças, pois dentre os seis estudos já realizados, dois deles já publicados não existem referências que ar-condicionado seja um fator de risco, mas, vale destacar que, existem evidências que uma ventilação adequada protege pessoas.

Para os próximos meses, e quem sabe próximos anos, fica para o setor AVAC-R a missão de projetar e instalar sistemas de climatização artificial mais eficientes por meio de novas tecnologias que possam minimizar a propagação não apenas deste vírus, assim como de suas variantes, entre outros agentes contaminantes.

Nesse contexto, a valorização da qualidade do ar passa a ser objetivo de análise para o futuro, por meio de pesquisas, ato que requer investimentos para que se encontrem caminhos viáveis para esta e outras pandemias. Fica o alerta que será necessário cuidar também do ar interno nos meios de transportes em massa, como ônibus, metrô e trens. A volta das atividades como escolar requer especial atenção, pois a maioria destes tipos de ambientes não foram projetados considerando uma adequada renovação do ar ou ventilação. Essa situação também se aplica a outros tipos de ambientes como, templos religiosos, academias, comércios de pequeno e médio porte em geral e afins

Dr. Paulo Saldiva conclui sua participação com o ponto de vista médico “O único jeito de controlar a contaminação da Covid-19 que circula pelo ar, seja nas casas, ambientes comerciais, no transporte é promover a diluição do ar nos ambientes, de forma que haja a renovação do ar interno, com saída para o ambiente externo, local onde o risco cai drasticamente”.

Confira a integra do evento canal oficial de Youtube da ABRAVA ACESSE