Transmissão aérea da Covid-19, qualidade do ar interno, janelas e portas abertas, troca de ar e diluição do ar são alguns dos termos em evidência neste momento de pandemia

Desde que foi confirmado por diversos órgãos que o SARSCoV-2 ou coronavírus é transmitido pelo ar, a ventilação, renovação do ar e qualidade do ar interno em ambientes fechados ganharam destaque como ações para diminuição do contágio. E, pensando neste cenário que o Qualindoor – Departamento Nacional de Qualidade do Ar Interno da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, chama atenção para esses temas que podem contribuir com a diminuição do contágio da COVID-19, além de destacar informações relevantes a respeito do uso do ar-condicionado e sua relação com a saúde das pessoas neste momento de pandemia.

De acordo com Marcelo Munhoz, Presidente do Qualindoor, “uma pessoa respira cerca de 10 mil litros de ar diariamente, e passa 90% do seu dia em ambientes fechados, logo questões como a qualidade do ar respirado, filtragem de poluentes, conforto térmico, bem-estar e controle de doenças respiratórias devem ser observadas. Ambientes existentes, precisam obrigatoriamente de renovação de ar adequada e dimensionada de forma que atendam às normas vigentes, como prevenção do contágio de qualquer tipo de vírus presentes no ar, segurança, produtividade e saúde das pessoas”.

Preocupados com a Qualidade do Ar Interno respirado pelas pessoas, no começo de 2021 por iniciativa do Qualindoor, foi lançado o Plano Nacional de Qualidade do Ar Interno (PNQAI) que tem por objetivo o desenvolvimento de ações de forma colaborativa para a mobilização da sociedade e adoção de medidas capazes de promover a qualidade do ar em ambientes internos, tornando-os saudáveis e mitigando os efeitos nocivos de espaços insalubres, que afetam a saúde e a capacidade produtiva das pessoas.

 

O contágio do SARs-cov2 e sua relação com o ar interno

Assim como a ABRAVA, que já havia reconhecido em abril/2020, diversos órgãos como o Ministério da Saúde, OMS – Organização Mundial da Saúde,  Ashrae e CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, entre outros, reconheceram que o coronavírus “é transmitido através do ar, por gotículas ou por aerossóis.”

A recomendação de protocolos inadequados como não usar o ar-condicionado ou desligar ventiladores, tem levado a sociedade à prática de ações incorretas pois, apenas a limpeza de superfícies, lavagem das mãos, uso de máscaras, não são suficientes para diminuição do contágio do coronavírus.

O Dr. Paulo Saldiva, médico da USP e conselheiro médico do PNQAI, um dos 239 cientistas do mundo que assinou a carta à OMS reconhecendo a transmissão da COVID-19 por micropartículas, destaca que o risco de contaminação como a do coronavírus em ambientes externos é pequeno. Para ele, não resta dúvida que os locais com maior índice de contágio são os ambientes fechados, sem renovação e sem ventilação, em especial os com maior número de pessoas, é por esse motivo que o distanciamento social estabelecido nos protocolos deve ser seguido.

De acordo ainda com Saldiva, “O único jeito de controlar a contaminação da COVID-19 que circula pelo ar, sejam em residências, ambientes comerciais ou transporte público é promover a diluição do ar nestes ambientes, de forma que haja a renovação do ar interno, pois com a circulação de ar e sua saída para o ambiente externo, o risco de contágio cai drasticamente”

Historicamente, quando ocorreu a contaminação via SARS-Cov-1 em 2000, o uso do ar-condicionado chegou a entrar em pauta devido à constatação de muitos sistemas inadequados. Atualmente, esta tese perdeu forças, pois dentre seis estudos já realizados por diferentes países, dois deles já publicados, não existem referências que ar-condicionado seja um fator de risco, mas, vale destacar que existem evidências de que, uma ventilação adequada pode proteger as pessoas da contaminação.

 

A qualidade do ar interno no dia a dia

Um dos temas mais discutidos atualmente é a qualidade do ar interno (QAI) dentro e ao redor de edifícios e estruturas, especialmente no que se refere à saúde e conforto de seus ocupantes. Compreender e controlar poluentes comuns em ambientes fechados pode ajudar a reduzir o risco de problemas de saúde.

De modo geral, o ar respirado em ambientes internos é composto por diversos agentes como poeira, produtos químicos usados para limpeza de ambientes, ácaros, fungos, radônio, queima de biomassa, entre tantos outros, como o vírus do SARSCoV-2, responsável pela pandemia que assola o mundo. Neste contexto, entre diversos fatores, entra em evidência o fator chamado de “síndrome dos edifícios doentes” que apresenta edifícios que não atendem as condições necessárias para a correta qualidade do ar interno, comprometendo assim, diretamente a saúde e produtividade das pessoas.

A Resolução 09 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, publicada em 16 de janeiro de 2003, recomenda que ambientes internos tenham o máximo de 1000 partes por milhão (ppm) de CO2 (dióxido de carbônico). A ventilação inadequada faz com que CO2 e outros contaminantes do ar interior se acumulem nos ambientes.

Educar os setores responsáveis e a sociedade com o objetivo de provocar uma mudança cultural em relação aos direitos e deveres de todos os agentes envolvidos com a temática da qualidade do ar interno, renovação de ar e ventilação, é o desafio do momento.

Mas, o grande problema atual é a capacidade do ar interior em concentrar infecções virais, como a COVID-19. São nessas ocasiões que a renovação do ar e a ventilação no ambiente são fundamentais, pois evitam que ocorra a estagnação do ar interno, as vezes contaminado, em casos de circulação de pessoas contaminadas em determinado ambiente, fator que tem contribuído para o aumento de pessoas infectadas.

O risco de contágio aumenta em ambientes internos e mal ventilados, por não haver a troca do ar contaminado, filtragem e a diluição do ar, pessoas infectadas com o SARSCoV-2 produzem milhares de pequenas partículas respiratórias carregadas de vírus, que quando expiram soltam diversas dessas partículas que podem ser inaladas por pessoas que estão a uma curta distância. Além de, a possibilidade de as demais partículas expiradas se dispersarem em distâncias mais longas, podendo vir a ser inalada por pessoas a mais de 2 metros de distância. Em tempo, vale ainda destacar que, mesmo que a pessoa infectada deixe o ambiente, as partículas que carregam o coronavírus podem ficar suspensas no ar, ainda por um bom tempo. Esse é um dos motivos que a troca do ar e a sua desinfecção se faz de extrema importância.

A garantia de uma ventilação adequada e a renovação do ar interno são itens que destacam e aumentam a responsabilidade civil e técnica dos gestores de ambientes, onde a falta de informação e o compromisso com a operação de locais que possuem sistemas de ar-condicionado levam a falta da manutenção adequada e o descumprimento das leis e normas existentes, colocando as pessoas e todo o ambientes em risco.

Manter apenas portas e janelas abertas são ações que não garantem a troca do ar necessária em ambiente possivelmente contaminado, devido a diversos fatores como, a falta de corrente de ar que pode vir a “empurrar” o vírus para fora do ambiente, a diluição de um possível ar contaminado e a sua filtragem, ações que devem  ser realizadas por meios mecânicos, como os sistemas de ar-condicionado e os ventiladores,  podendo ainda ser considerado no processo de descontaminação o uso de novas tecnologias nestes ambientes, como por exemplo, as lâmpadas UV-C e a Ionização Radio Catalítica (IRC) em contribuição à diminuição da propagação do vírus.

 

O uso do ar-condicionado durante a pandemia e sua contribuição à saúde

Para os próximos meses, e quem sabe próximos anos, fica para a sociedade, em especial os proprietários e profissionais responsáveis por quaisquer tipos de ambientes coletivos, como shoppings, hospitais, escolas, supermercados, hotéis, templos religiosos, academias, comércios de pequeno e médio porte em geral e afins, a responsabilidade e o compromisso de assegurar que todos os ambientes públicos ou privados, tenham a qualidade do ar interno adequada e nos parâmetros a ser respirado por todos.

Para as empresas do setor da climatização e refrigeração fica a missão de fabricar, projetar e instalar sistemas de climatização artificial mais eficientes, qualificação profissional e novas tecnologias disponíveis que possam minimizar a propagação, não apenas do SARSCoV-2, assim como de suas variantes, entre outros agentes contaminantes.

Nesse contexto, a valorização da qualidade do ar interno passa a ser objetivo de um novo olhar e análise para o futuro, por meio de pesquisas e outras ações, atos que requerem investimentos para que se encontrem caminhos viáveis para esta e outras pandemias. Fica o alerta que será necessário cuidar também, do ar interno nos meios de transportes de massa, como ônibus, metrô e trens.

A volta das atividades econômicas requer especial atenção, pois a maioria dos ambientes, não foram projetados considerando uma adequada renovação do ar ou ventilação adequada. Essa situação requer avaliações prévias, contratação de empresas e profissionais habilitados para análises de riscos em ambientes internos, entre outras ações.

A ABRAVA tem atuado com base no compromisso diante da sociedade e setores representados na busca de soluções técnicas possíveis, fomento de informações e cooperação em ações que possam minimizar o aumento de contágio da pandemia do coronavírus. Mais informações podem ser conferidas no www.abrava.com.br, e contatos no contexto técnicos via email pmoc@abrava.com.br.