Na semana em que é celebrado o Dia Mundial da Eficiência Energética, reportagem especial destaca ações do Procel que estimulam a disseminação de métodos construtivos mais sustentáveis

Rio de Janeiro – Neste sábado, 5 de março, é celebrado o Dia Mundial da Eficiência Energética. A data, criada em 1998 na Áustria, durante a 1ª Conferência Internacional de Eficiência Energética, tem como objetivo provocar uma reflexão sobre a importância do uso consciente e adequado da energia. Embora, quando se fala em eficiência energética, seja muito comum a associação do termo à economia da energia, na prática, esse é um conceito muito mais amplo, já que o consumo de energia de forma eficiente engloba uma série de benefícios ambientais e econômicos, em diversos segmentos, como, por exemplo, na indústria, no comércio e nas residências.

Um setor com grande potencial de contribuição para a redução do consumo energético são as edificações. No Brasil, as edificações comerciais, residenciais, de serviços e públicas são responsáveis por praticamente metade de todo o consumo de energia elétrica do país e, nos últimos anos, principalmente por projetos apoiados pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), vêm recebendo investimentos para que tanto as novas construções como também as já existentes sejam cada vez mais sustentáveis e eficientes no uso de equipamentos elétricos, na arquitetura e nos sistemas construtivos instalados.

Diante dessa alta demanda, a eficiência energética é considerada nesse mercado como o instrumento ideal para reverter esse panorama. De acordo com o Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel Edifica), a implementação de ações para o uso racional de energia pode reduzir em 50% o consumo de novas construções e em 30% no caso de edificações que passam por processo de retrofit.

Para que sejam alcançados tais índices de redução, há inúmeras medidas que podem ser adotadas, como o aproveitamento da luz e da ventilação naturais integradas aos sistemas artificiais de iluminação de climatização, o uso da radiação solar para aquecimento da água e até a implantação de sistemas de geração de energia por meio de placas fotovoltaicas, entre outras. Dessa forma, além da redução dos gastos com energia elétrica, a utilização da eficiência energética em edificações resulta em outros benefícios, como a possibilidade de aumentar o conforto daqueles que as utilizam, além de tornar as construções mais sustentáveis do ponto de vista ambiental e com maior valor comercial.

A arquiteta Estefânia Neiva de Mello, que desenvolve trabalhos no Procel com foco em edificações, destaca que, no atual momento de transição energética, a eficiência energética das edificações ganha cada vez mais relevância, já que existe tanto no Brasil quanto no exterior um grande potencial de ganhos em melhorias na gestão do uso da energia nos edifícios.

“Essa é uma área muito importante e que vem ganhando bastante relevância com relação à eficiência energética em todo o mundo, fortemente impulsionada pelo movimento de transição energética. É reconhecido que na área de edificações existe grande potencial de eficiência energética ainda inexplorado. Isso, olhando para o contexto mundial, é reconhecido pela Agência Internacional de Energia. E no Brasil a situação não é diferente”, afirma Estefânia Mello.

Ela destaca que no contexto brasileiro ainda existe uma grande carência de regulamentação e normalização na área de edificações com relação ao uso da energia. Por esse motivo, o Procel vem trabalhando, desde 2003 com a criação do Procel Edifica, em projetos para criar um ambiente mais propício para que as edificações se tornem cada vez mais eficientes. A arquiteta lembra que o apoio do Procel possibilitou, em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e universidades, a criação do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica), que desde 2009 avalia, de maneira voluntária, a eficiência dos edifícios produzidos e comercializados no país. Já as edificações públicas federais, desde 2014, têm a aplicação compulsória do PBE Edifica para novas edificações e reformas.

“O Procel tem projetos que são bastante conhecidos, como a coordenação técnica do PBE Edifica. O programa também continua investindo bastante em ações que visam regulamentar as edificações quanto a sua classe de eficiência energética, além da etiquetagem de edificações e o Selo Procel Edificações, que também utiliza essa metodologia para avaliação. A experiência adquirida ao logo dos anos nos permitiu desenvolver uma nova metodologia para a etiquetagem de edificações, que está sendo implementada atualmente, bem como realizar uma análise de impacto regulatório para a implantação compulsória da avaliação da conformidade de edificações, quanto a sua eficiência energética, no Brasil, outro trabalho que também está em curso, sob a liderança do Procel”, completa.

Descarbonização acelera eficiência energética em edificações

Sempre atento às mudanças da sociedade, o Procel segue ampliando o seu campo de atuação para tornar as edificações cada vez mais eficientes. Por meio do Plano de Aplicação de Recursos do Procel (PAR-Procel), o programa tem intensificado os investimentos em soluções para a otimização energética das edificações brasileiras. Seja com a realização de chamadas públicas ou com a celebração de convênios, o Procel vem fomentando o desenvolvimento de soluções para a melhoria da gestão e operação energética predial. Exemplo disso é o projeto de benchmark de consumo de energia conforme a tipologia de uso da edificação. Realizado em parceria com o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), foram definidos benchmarks de consumo específico de energia para 15 tipologias de edificações não residenciais. Também no âmbito do PAR-Procel, foi realizada a Chamada Pública Procel Edifica – NZEB Brasil, por meio da qual o Procel está financiando a construção de quatro edificações no conceito Near Zero Energy Building (NZEB), em que a edificação deve ter um balanço energético próximo de zero. Ainda em fase de seleção, a Chamada Pública Procel – Eficiência Energética no Setor Público prevê investimentos de R$67,5 milhões na modernização de edificações públicas em nível federal, estadual e municipal. Além disso, o Procel deve concluir ainda neste ano um projeto que implementa uma nova metodologia para o PBE Edifica.

“Ainda sobre a questão do PBE Edifica, o Procel está implementando o novo método de etiquetagem. Um método muito mais robusto do que o que está atualmente vigente. Ele está alinhado com a tendência que vem sendo observada em todo o mundo, que são edificações com balanço energético próximo a zero. Isso quer dizer que são edificações com alta eficiência e que também produzem energia de fonte renovável no local, como a solar fotovoltaica. Com isso, temos uma edificação com balanço energético positivo, uma tendência mundial no segmento de edificações e que tem tudo a ver com a descarbonização. No caso brasileiro, ainda temos muito o que avançar nessa área. Então, nós estamos desenvolvendo uma metodologia que associa a etiquetagem com esses novos parâmetros de NZEB. Com o novo método da etiqueta, a gente consegue avaliar o balanço energético da edificação”, explica a arquiteta Estefânia Mello.

Outro destaque para o segmento de edificações em 2022 é a conclusão da Análise de Impacto Regulatório da implementação da etiquetagem compulsória de edificações no Brasil, a exemplo do que ocorre com os equipamentos consumidores de energia. Em boa parte do mundo, avaliar a eficiência das edificações também é uma política compulsória, que obtém resultados contundentes para a redução de consumo de energia deste segmento.

“Acreditamos que desta forma seremos capazes de dar um grande salto de eficiência nas edificações produzidas no país, definindo, inclusive, índices mínimos de eficiência energética. Isso vai ao encontro da transição energética e da recuperação econômica sustentável, movimento global que busca alinhar as necessidades de mitigação das mudanças climáticas às demandas latentes de crescimento econômico-social”, conclui Estefânia Mello.

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