Poluição sonora, excesso de barulhos e ruídos podem desencadear distúrbios do sono, aumento do estresse, perda de atenção e, portanto, comprometimento na saúde pessoal e profissional do indivíduo. Um problema que pode ser evitado e até solucionado com maior atenção aos espaços e paisagens que ocupamos e observamos.

A nossa experiência em um espaço é definida pelo seu design. Projetar espaços acessíveis e utilizáveis ​​por todos os ocupantes, sejam eles membros de uma família ou colaboradores de uma empresa, considerando as possibilidades de redução de mobilidade ou limitações temporárias, pode ajudar a garantir que nossos ambientes nos atendam melhor no longo prazo.

Hoje se sabe que meros 40 segundos de observação de uma foto contendo uma bela paisagem verde ou florida em comparação a contemplação de uma parede ou telhado de concreto nu, aumentam a atenção das pessoas, o seu estado de presença e a sua prontidão para desempenho de tarefas. Pesquisa nos EUA constatou que 75% dos americanos tem menos de 10 horas por semana de contato com a natureza e 50% tem menos de 5 horas por semana.

Para facilitar o sono, deve-se criar um ambiente tranquilo e relaxante no fim de tarde e noite, com níveis de ruído que sejam pelo menos 5-10 decibéis (dBA) abaixo do nível diurno (geralmente em torno de 55-65 dBA). Paredes e janelas com isolamento acústico adequado podem ajudar a minimizar a entrada de ruído do exterior. Existem ainda aparelhos geradores de “ruído branco” que ajudam a mascarar sons indesejáveis e aparelhos geradores de “ruído rosa” que tocam sons da natureza e têm demonstrado um efeito benéfico na qualidade do sono.

Projetar espaços e recursos que sejam acessíveis e de forma equitativa para todos— independentemente da idade, habilidade ou tamanho – pode ajudar a criar inclusão, para que todos se sintam empoderados a prosperar nos espaços ao seu redor. Isso pode significar levar em conta a diminuição das capacidades físicas que ocorre com a idade (visão deficiente, mobilidade em declínio), dado que adultos idosos preferem viver em suas próprias casas pelo maior tempo possível.

Elementos da Natureza devem ser incorporados na vida cotidiana tanto em ambientes residenciais quanto empresariais. Isso pode incluir vasos de plantas e pequenas árvores, fontes de água em miniatura, proximidade de sons da natureza como pássaros próximos a janelas abertas. Elementos simulados e vistas da natureza, como fotos e áudio de sons da natureza podem ser bons substitutos quando elementos autênticos e as visualizações não estão disponíveis.

O projeto da edificação deve oferecer aos ocupantes vistas para o exterior. Isso pode incluir vistas de jardins, árvores, flores ou fontes de água. Os espaços devem ser concebidos de forma a que o acesso visual às vistas externas não seja obstruído ao se sentar.

Além disso, os empreendimentos tanto residenciais como corporativos devem incluir oportunidades para atividade física próximo a espaços verdes, e devem permitir que uma conexão visual a natureza possa ser experimentada por pelo menos 5 a 20 minutos por dia.

 

 

 

*João Marcello Gomes Pinto é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; Mestre em Engenharia de Recursos Naturais pelo Instituto de Tecnologia da Universidade de Karlsruhe, Alemanha; Pós-Graduação em Gerenciamento de Riscos Ambientais pela Universidade das Nações Unidas, Tóquio, Japão; Especialização em Ciências Holísticas e Ecologia Profunda na Schumacher College, Inglaterra; Fundador e CEO da Sustentech, consultoria em empreendimentos e edificações sustentáveis e saudáveis, que atua há mais de 15 anos no desenvolvimento de empresas no setor de sustentabilidade e conta com um portfólio de mais de 500 projetos no Brasil e exterior