Além de representantes do Ministério de Minas e Energia, a 19ª edição do evento contou com a participação dos responsáveis pela área operacional / energia de importantes setores de alto consumo energético

Com o tema “Eficiência Energética e a Reforma do Setor Elétrico Brasileiro”, a 19ª edição do Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE) reuniu especialistas renomados para a discussão dos principais assuntos do setor. Após duas edições virtuais, este ano, o evento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO) aconteceu de forma presencial, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, entre os dias 7 e 8 de março. O futuro da Eficiência Energética foi uma das pautas que mais chamou a atenção.

“O COBEE sempre foi um local de debates e apresentação das melhores práticas, tecnologias e serviços na área de energia, aproximando os tomadores de decisão do mercado e promovendo a reunião de todos os principais stakeholders do campo da eficiência energética no Brasil. Somando esforços com esse público tradicional, este ano tivemos como “novidade” a participação dos responsáveis pela área operacional /energia de importantes setores de alto consumo energético, como: indústrias, shopping centers, hospitais, hotéis e condomínios”, exalta o presidente da ABESCO, Bruno Herbert.

A solenidade de abertura do 19º COBEE contou com a presença de Arnaldo Basílio, da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA); Carla Achão, da EPE; e Camila Fernandes, da ENBpar, essas duas últimas vinculadas ao Ministério de Minas e Energia. O painel inicial teve como tema a Eficiência Energética nas estratégias para o crescimento e contou com a presença de Marcel da Costa Siqueira (Procel), Nelson Simas (Conselho Consultivo Abesco) e Samira Sana Fernandes de Sousa (coordenadora de EE do Ministério de Minas e Energia).

O presidente da ABESCO reitera a importância de uma agenda da Eficiência Energética: “O assunto que está, atualmente, nas agendas das empresas, e que foi amplamente discutido no COBEE, é o ESG. Temos que ver a Eficiência Energética não apenas como uma questão financeira, mas de governança e algo que está ligado à pauta ambiental. Qualquer geração de energia envolve, por exemplo, no caso das hidrelétricas, o alagamento de grandes campos; no caso da energia solar, a ocupação do solo etc. A não geração de energia é a melhor agenda ambiental e de governança das empresas”, salienta.

 

Futuro da Eficiência Energética

Um painel de destaque no primeiro dia de atividades foi o que discutiu o Futuro da Eficiência Energética. Mediado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), José Aquiles Grimoni, o debate contou com a participação de Andréa Andrade de Matos, representando a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES); Willian Thomé Neto, da Accenture e Estela Testa, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

O moderador do painel destaca a importância que a Eficiência Energética passou a ter nos últimos anos: “As coisas mudaram. Antigamente quando se falava em Eficiência Energética, éramos como que patinhos feios porque as empresas colocavam este tema em segundo plano, afinal, estavam mais preocupadas com questões técnicas ou econômicas, ou seja, o que dava mais retorno para elas. Hoje, essa temática já foi incorporada nas empresas que absorveram e entenderam que trabalhar com Eficiência Energética também é uma maneira de ter uma melhor governança”, afirma o professor José Aquiles Grimoni.

O grande desafio para o futuro da Eficiência Energética, para mediador, ainda reside na falta de investimentos: “Recurso é essencial. O problema é que há uma contingência de recursos na situação atual do governo. A tendência é que se volte a investir no setor, porém, enquanto isso não acontece, temos que buscar alternativas, talvez a própria iniciativa privada”. Por fim, o professor da Universidade de São Paulo ressalta a importância de outro componente para a plena implementação da Eficiência Energética: as políticas públicas.

“Não podemos nos esquecer das políticas públicas, que são sempre salutares. Estamos em um país desigual na distribuição de renda, então, a classe média tem condição de comprar uma lâmpada um pouco mais cara, eficiente e que se paga facilmente ao longo do tempo, por exemplo, mas a classe menos favorecida, priorizará a alimentação, a moradia em detrimento de equipamentos eficientes. Nos países desenvolvidos, em que a distribuição de renda é mais equânime, as pessoas compram equipamentos eficientes naturalmente. Aqui no Brasil, a questão passa pela distribuição de renda, aumento de poder aquisitivo e inclusão social”, finaliza José Aquiles Grimoni.

Além do Futuro da Eficiência Energética, o Congresso Brasileiro de Eficiência Energética abordou a Eficiência Energética no setor produtivo, aplicação e pesquisa em projetos de EE e nova lei de licitações e parcerias. Eficiência Energética no setor do comércio, em saneamento, EE e as normatizações e os créditos de carbono, projetos e novos mecanismos de financiamento, transição energética para Net Zero, além da participação feminina no segmento energético. O evento também teve o painel de Destaque Qualiesco, responsável por premiar os melhores projetos de Eficiência Energética das ESCOS.