A ABRAVA, por meio do Departamento Nacional de Fabricantes de Ar-Condicionado, promoveu no dia 22 de setembro o webinar “Evoluções e novos requisitos para o mercado de ar-condicionado”, evento que colocou em debate temas relevantes para o setor AVACR como os impactos ambientais do ar-condicionado, legislações, descarbonização, sustentabilidade e uso de refrigerantes naturais, entre outros.

Participaram de mais esta edição do “Momento ABRAVA” os engenheiros Matheus Lemes (presidente do DN Ar-Condicionado Residencial e Ar-Condicionado Central e diretor da Trane) – que atuou como moderador –, Luciano Marcato (coordenador do Comitê de Eficiência Energética da ABRAVA e gerente de vendas nacional da Daikin), Rafael Dutra (coordenador de aplicação na Trane) e Ricardo Facuri (membro do DNAC ABRAVA, diretor do SINDRATAR-SP e diretor-executivo da Traydus).

Primeiro a apresentar suas ideias, o gestor Luciano Marcato discorreu sobre o impacto ambiental do ar-condicionado na refrigeração e abordou os aspectos a serem considerados no setor do frio. Além disso, expôs sua visão sobre como a cadeia do frio terá de se preparar para reduzir as emissões de dióxido de carbono.

“Estamos iniciando uma lista de ações necessárias para a redução do consumo dos HCFCs, que são fluídos controlados pelo Protocolo de Montreal e, posteriormente, pelo Protocolo de Kyoto, que têm impacto na camada de ozônio e contribui para o aquecimento global”, enfatizou.

Segundo ele, o próximo estágio neste segmento está sendo acelerado nos países do chamado primeiro mundo, como os da Europa, além de Estados Unidos, China e Japão, “é analisada a introdução da nova família de fluídos refrigerantes, sejam eles naturais ou sintéticos, com menor impacto ambiental. E esta política está alinhada com o Acordo de Kigali, que foi promulgado no Congresso”, completa.

O engenheiro lembrou que hoje, no Brasil, considerando o mercado de ar condicionado e refrigeração, ainda o maior consumo é o R22, e essa é a nossa maior preocupação enquanto setor. “Ainda estamos bastante atrasados referentes à eliminação dessa substância que é controlado por esses protocolos”, comentou.

Outro tópico muito importante no HVAC-R, a descarbonização também foi abordada por Marcato, que explicou “serem estes processos o efeito de diversas ações em termos de projeto de operação e desenvolvimento de novas tecnologias, para prover o que se tem necessidade, seja para conforto humano, ou para os processos produtivos que utilizamos”.

“Quanto mais eficiente é um produto, seja para aquecimento, resfriamento ou ventilação, menor consumo de energia ele vai ter e, proporcionalmente, menor será o seu impacto ambiente em termo de pegada de carbono”, explicou, comparando ainda o impacto de carbono por conta da geração de energia no Brasil com outros países, onde se utilizam termoelétricas movidas a gás e óleo.

O Eng. Luciano Marcato também comentou que parte do trabalho de Descarbonização inclui a aplicação de sistemas de condicionamento de  ar do tipo geotérmico e também a tendência de eletrificação para aquecimento de água , seja de uso residencial , comercial ou industrial ,  substituição  de sistemas a gás ( aquecedores , boilers ou caldeiras ) por bombas de calor do tipo ar-água ou água-água , ajudando clientes a reduzir a sua pegada de carbono no caso de uso de energias renováveis na sua matriz energética , em fase de forte expansão na Europa e nos Estados Unidos , estando muito ligado a novos indicadores de ESG  de empresas e também de governos .

Na sequência, o mediador Matheus Lemes chamou o engenheiro mecânico Ricardo Facuri,  detalhou a NBR 7256, uma revisão de norma de 2021, que trouxe muitas controvérsias para o mercado, uma vez que ela versa sobre o tratamento do ar em estabelecimentos de saúde

Facuri lembrou que o mercado já atuava sob os auspícios da NBR 7256, promulgada pela ABNT em 2008, e “naquela época ela trouxe muita especificidade, muitos critérios e requisitos para climatização e ar-condicionado no ambiente hospitalar, e como já faz 13 anos ela precisava ser revista, pois o mundo evoluiu neste tempo, e em 2021, no meio de uma pandemia ela foi revisada”, afirmou, reforçando que a norma tentou trazer o Brasil para o mesmo patamar do que é feito nos países ricos.

O engenheiro também expôs algumas diferenças entre a primeira versão da norma e a atualizada, a exemplo da taxa de ar externo/ renovação, níveis de filtragem do ar, controle de temperatura e umidade em novos ambientes, bem como novas definições de cascatas de pressão.

“Na anterior, alguns ambientes não tinham volumes tão grandes de renovação de ar, agora muitos valores foram incrementados, com taxas maiores, resultando em sistemas de ventilação e tratamento do ar exterior mais robustos, exigindo maior rede de dutos, para fazer chegar em todos os ambientes do hospital o ar externo de forma correta”, detalhou o especialista, que ainda abordou os sistemas de tratamento de ar requeridos para cada ambiente, exemplificando soluções de filtragem e controle de temperatura e umidade, especificamente para a área hospitalar e de unidades de saúde, tais como clinicas e correlatos.

Para Rafael Dutra, coordenador de aplicação na Trane, o sistema inverter é hoje uma das grandes “vedetes” do setor do frio, especificamente por sua comprovada eficiência energética, além de ter seu custo barateado nos últimos anos.

Segundo ele, a cadeia produtiva do frio tem usado largamente os inversores, seja em compressor para variar a rotação e mudar a vazão do fluido refrigerante que circula no sistema, seja em bombas de água para alterar a vazão do volume que circula no sistema.

“Toda vez que se coloca um inversor de frequência em um motor e diminui-se a rotação dele, você tem uma economia de energia bem significativa. Em alguns sistemas, esta economia pode chegar ao cubo da rotação”, explicou Dutra, ponderando que essa redução pode ser diferente, pois depende para qual componente se está avaliando.

O especialista abordou ainda eficiência em central de água gelada ao longo do tempo e da necessidade de sistemas de monitoramento inteligente que permitam a manutenção da eficiência original da instalação, falou também  de recomendação de projetos da indústria que reduzem a energia no bombeamento dos sistemas ao aumentar os diferenciais de temperatura e reduzir a vazão de projeto.

Na segunda parte do evento, os palestrantes responderam a perguntas dos participantes. A íntegra do webinar pode ser conferida no canal oficial do youtube ACESSE