• O fórum reuniu partes interessadas com experiências diversas, a fim de compartilhar conhecimento e trocar ideias sobre eficiência energética e soluções HVACR ecológicas, mirando uma visão sustentável para 2050

 

São Paulo, janeiro de 2020 Em 15 de janeiro, ocorreu em São Paulo a terceira edição da Konwakai (“discussão amigável sobre desenvolvimento sustentável” em japonês), um evento organizado pela empresa japonesa Daikin. O evento teve a participação de representantes do setor, além de associações, acadêmicos, entidades governamentais e ONGs reconhecidas internacionalmente, assim como especialistas em eficiência energética e sustentabilidade. Essa edição contou com a presença de vários países da América Latina, acompanhados por representantes do Japão, UE e EUA.

A Konwakai foi realizada pela primeira vez no Japão, em 1995, para discutir opiniões com especialistas sobre o futuro do ar condicionado. Esses fóruns se desenvolveram em todo o mundo, sendo realizados em locais como União Europeia, China, EUA, Ásia/Oceania e América Latina. O Brasil foi o país anfitrião do evento neste ano, integrando três sessões com treze palestrantes, que expuseram tópicos relacionados à eficiência energética e à transição de refrigerantes na América Latina.

Esse evento apresentou os desafios de se enfrentar a crescente demanda de energia para o resfriamento de espaços e como superar esses problemas ambientais, por meio de políticas públicas e colaboração com o setor e acadêmicos. Ele abordou os benefícios da tecnologia de eficiência energética, como no caso dos inversores, assim como o refrigerante com menor potencial de aquecimento global (GWP), por meio de demonstração de projetos realizados no Brasil, e a divulgação de melhores práticas do Japão e de outras nações. Abordou ainda a perspectiva dos programas de eficiência e certificação de edifícios e como os mercados vêm adotando o princípio de “servitalização” (servitization) no setor de HVACR.

Durante a primeira sessão, Ana Lepure (consultora do México para a Agência Internacional de Energia – IEA) explicou a perspectiva geral da ‘Demanda de energia e questões ambientais’ na região. Em seguida, Carlos Alexandre Príncipe Pires, diretor de desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia no Brasil, apresentou uma visão geral da Matriz Energética Brasileira, destacando as atividades do PROCEL – programa do governo brasileiro que gera ações de eficiência energética em vários segmentos da economia, a fim de poupar energia elétrica e gerar benefícios para a sociedade.

A Dra. Danielle Assafin, do INMETRO, apresentou o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cujo objetivo é fornecer, aos consumidores, informações úteis para incentivar a compra de produtos com eficiência energética. Em seguida, a Dra. Kamyla Borges, coordenadora do Projeto Kigali no Instituto de Clima e Sociedade (iCS), falou sobre os desafios e oportunidades do ar condicionado no Brasil, em termos de eficiência energética e transição para refrigerantes com baixo GWP, com o objetivo de obter a ratificação da Emenda Kigali pelo governo brasileiro.

A segunda sessão começou com o Dr. Roberto Lamberts, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, que apresentou os resultados de um projeto de demonstração realizado em três estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina), com apoio do governo japonês, através da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA).

O projeto foi realizado em 2019, com o objetivo de comparar a economia de energia entre duas tecnologias MiniSplit, cada uma com um refrigerante diferente (Não Inverter + R-410A e Inverter + R-32) – o que resultou em um redução de até 70% com o uso da tecnologia Inverter + R-32.

A experiência do Japão esteve presente no evento com a palestra de Yasushi Tanaka, do Centro de Conservação de Energia (ECCJ), que revelou como os setores públicos conseguiram elevar a conscientização, incentivando assim os consumidores a escolher sistemas de ar condicionado mais eficientes no Japão.

“O R-32 é indubitavelmente um imperativo da próxima geração, em temperaturas ambientes elevadas, onde a carga de refrigerante limita o resfriamento eficiente. É óbvio que se deve utilizar refrigerantes naturais sempre que houver pegada de carbono segura e com menor ciclo de vida”, afirmou o Dr. Stephen Andersen, considerado um dos idealizadores do Protocolo de Montreal e um dos principais responsáveis por seu sucesso.

Por fim, a sessão abordou três tópicos relacionados a soluções para edifícios sustentáveis e programas de certificação, tal como o LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) e a Certificação WELL para edifícios, principal iniciativa para tornar os edifícios mais saudáveis.

Sohrab Yazdani, fundador da Green Group Sustainability Consulting, e Carlos Grinberg, fundador do Estúdio GF, mostraram fatos interessantes sobre o QAI (qualidade do ar interior), com a finalidade de reverter estilos de vida pouco saudáveis e elevar os níveis de produtividade em edifícios. Em seguida, Ammi Amarnat, executivo técnico do Instituto de Pesquisa em Energia Elétrica (EPRI), discursou sobre tecnologias e serviços Grid-Interactive para edifícios – que podem oferecer, de maneira econômica, flexibilidade no uso da energia elétrica em edifícios, mostrando alguns casos de sucesso dos EUA que seriam viáveis na América Latina.

Para finalizar, Thomas Motmans, da Agência de Energia Sustentável da Basileia (BASE), apresentou o interessante tópico “Cooling as a Service” (CaaS), como serviço pay-per-use para sistemas de ar condicionado. Trata-se de um modelo para a transformação de produtos em serviços, como uma grande tendência que vem evoluindo rapidamente em todos os setores.