Priscila Baioco é presidente do Comitê de Mulheres da ABRAVA, gerente Nacional de Vendas (Isolamento) na Armacell Brasil, e, nesta entrevista, ela fala da importância de unir forças para ampliar a participação feminina no setor AVAC-R.

Priscila Baioco é presidente do Comitê de Mulheres da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, gerente Nacional de Vendas (Isolamento) na Armacell Brasil e pós-graduada na área de Gestão Empresarial. Ela fala nesta entrevista da importância de unir forças para ampliar a participação feminina no setor AVAC-R – Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração no Brasil.

 

 

 

QUAL É A MISSÃO DESTE COMITÊ E SUA IMPORTÂNCIA PARA A EVOLUÇÃO DO SETOR AVAC-R NO BRASIL (DIVERSIDADE/EQUIDADE DE GÊNERO)?

A missão do nosso Comitê é ser um fórum de discussão das mulheres no setor AVAC-R, incentivando a inserção das mulheres no setor e ampliando seus conhecimentos, para que possam ser protagonistas em suas áreas de atuação. Queremos que o comitê seja uma referência, ou seja, o Comitê “fala” na Fiesp, “fala” com as demais entidades, assim ele pode ser reconhecido como comitê de referência do setor para as causas de igualdade de gênero. Por isso, nós constituímos um comitê, que na sua base conta com uma diversidade de perfis de mulheres, composto por profissionais de empresas, engenheiras, técnicas e acadêmicas. Todas unidas com o objetivo de levar a visão da igualdade de gênero, que é benéfica a todas as empresas, inclusive em termos de rentabilidade e inovação.

 

 

QUAIS OS OBJETIVOS DO COMITÊ? E QUAIS OS MAIORES DESAFIOS PARA CHEGA ATÉ ESSES OBJETIVOS?

Nosso objetivo é a inserção das mulheres no setor, na gestão e operação, e ampliando o acesso delas a inovações, por meio de práticas sustentáveis. Não pensamos na questão da mulher no setor, como um tema da “moda” ou “temporal”. É um trabalho sério que estamos fazendo para que esse resultado venha de forma sustentável.

O desafio maior foi a pandemia do Covid-19, porque nosso Comitê foi lançado no dia 7 de março de 2020, em evento na Fatec-SP, e logo após tudo fechou… Então nós começamos a trabalhar online, com reuniões e eventos, o que dificultou a participação. Mas não desistimos. Para evoluir decidimos fazer uma pesquisa para entender o perfil das mulheres no setor e suas expectativas. O mailing que usamos foi principalmente o dos associados da Abrava. O resultado foi bom. Mesmo com a situação da pandemia, nós tivemos 229 respostas. Esta pesquisa trouxe boas informações, mas ainda faltam pesquisas sobre as mulheres no setor (até para dimensionar quantas realmente são).

 

QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE O CENÁRIO DA PRESENÇA FEMININA NO SETOR AVAC-R E QUAIS OS IMPACTOS NO TRABALHO DO COMITÊ?

Com a pesquisa conseguimos traçar o perfil dessas mulheres: 65% delas com idade entre 20 e 39 anos; 46,7% casadas; 51% não têm filhos; 78% com no mínimo ensino superior; 29% têm formação em engenharia; 53% falam mais de um idioma; 73% atuam, no máximo, há 10 anos, ou seja, em 10 anos aumentou o número de mulheres no setor. Quanto à função no setor: 35% delas atuam em áreas administrativas, 34,9% em área comercial e 29% na área de engenharia, sendo que apenas 17% em cargos de liderança (acima de coordenador).

Uma informação que nos surpreendeu é que 66,4% delas não escolheu atuar no setor. Ou seja, a partir da pesquisa, por exemplo, percebemos que temos de atuar neste aspecto, para que mais mulheres escolham trabalhar no setor AVAC-R e encontrem oportunidades para isso.

Outro dado importante é que apenas 30% relatam que nas suas empresas existe um equilíbrio entre homens e mulheres no quadro geral de funcionários. Um número que consideramos baixo, mas que aponta uma tendência de mudança e uma possibilidade de melhora desse indicador. Temos, portanto, um campo para criar oportunidades para mais mulheres ingressarem no setor.

Na pesquisa, elas também elencaram os temas de maior interesse, na maioria voltados para o desenvolvimento de carreira (liderança, gestão, finanças, sustentabilidade do setor, etc.). Isso fez com que o Comitê criasse um calendário de atividades, com uma agenda de treinamentos, eventos e palestras mensais, que estamos realizando. E, também, criasse subcomitês com os temas: Capacitação, Marketing e Empreendedorismo, cada um atuando na sua área.

 

QUAL A SINERGIA ENTRE O TEMA MULHERES NA REFRIGERAÇÃO/CLIMATIZAÇÃO E O TEMA SUSTENTABILIDADE/MEIO AMBIENTE?

Sustentabilidade tem tudo a ver. O tema igualdade de gênero é 5º Objetivos de Desenvolvimento Sustentável global (ONU), que visa “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, em todas as nações. Não existe desenvolvimento sustentável sem essa igualdade. Sem que todas, mulheres e meninas estejam bem, com educação plena e igualdade de oportunidades, inclusive para alcançar cargos de lideranças em todos os níveis da sociedade.

O caminho do nosso movimento na Refrigeração e Climatização é o mesmo que seguem outros setores da economia. As empresas precisam estar atentas ao tema de diversidade de gênero. Todos precisam se preocupar com as práticas sustentáveis, com as boas práticas no ESG (Environmental, social, and corporate).

Ainda não há a adesão completa das empresas para tratar do tema igualdade de gênero. O diálogo aberto com as empresas do setor AVAC-R sobre essa importância ainda é um desafio. E o nosso papel como comitê é continuar trabalhando e incentivando esse diálogo e, claro, ao mesmo tempo capacitando as mulheres, por meio de palestras treinamentos, mentorias e outras ações, para que elas estejam prontas para serem protagonistas em suas áreas de atuação, assumindo cargos de liderança.

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS ESCOLAS TÉCNICAS, PARCEIRAS DO PBH E TAMBÉM DA ABRAVA, NESSE PROCESSO DE INCLUSÃO DE MAIS MULHERES NA REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO?

No passado essas escolas não tinham nem estrutura física para receber mulheres nos cursos de Refrigeração e Climatização, como os banheiros femininos. Elas não estavam preparadas. Hoje não se encontra mais essa dificuldade. Os ambientes das escolas técnicas, em geral, estão mais inclusivos, especialmente para as jovens mulheres que querem entrar no setor ou se qualificar.

Recentemente discutimos este tema na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), quando vimos uma apresentação de oportunidades de curso para mulheres na Construção Civil. Na apresentação, sobre o Senai, vimos campanhas que mostram que hoje elas podem trabalhar onde quiserem… Ou seja, as escolas estão mais abertas a esse tema e preocupadas em promover a igualdade, inclusão e não discriminação. E o papel das escolas é muito importante, porque a gente não quer que a igualdade de gênero nas empresas exista por uma determinação. A gente quer que as mulheres estejam aptas e possam concorrer para ocupar os seus lugares no setor. É por isso que o nosso comitê é tão importante, nós estamos também abertos ao diálogo com as escolas, e nesse pouco tempo de existência, nós já temos conseguido atrair o olhar das empresas e das escolas, públicas e privadas, em relação a incentivarem a participação de mulheres. Nós já conseguimos cursos para mulheres em escolas e, também, cursos só para mulheres em fabricantes. É uma abertura, é um avanço.

 

COMO NO SEU DIA A DIA, DE MULHER E PROFISSIONAL DO SETOR, COMO VOCÊ INTEGRA A MISSÃO E OS VALORES TRABALHADOS NO COMITÊ?

Eu como entusiasta do setor, trabalho dia a dia para trazer essa cultura da igualdade de gênero para a realidade das empresas no setor AVAC-R. Eu vivo essa causa! Eu costumo dizer que não basta a gente defender algumas causas, a gente precisa praticar aquilo que a gente diz ser importante. Então a primeira providencia que eu tomei, assim que eu comecei a atuar pelo Comitê, foi que a cada vaga dentro da minha área eu pedia para receber curriculum não só de mulheres. Isto exigiu um esforço a mais da área de recrutamento, porque eu exigia essa participação no processo de seleção. Hoje, eu posso dizer que eu tenho uma equipe diversa, com quatro homens, cinco mulheres, sendo que uma das pessoas negra e outra homossexual. Então, tudo que eu aprendo e prego no Comitê eu tento aplicar na empresa em que eu trabalho, com a validação da diretoria para isso. Estamos desenvolvendo esse trabalho em todas as áreas da empresa, chamando todos para conversar. Trata-se de um trabalho de conscientização, que é diário e constante. Mostrando que é possível ter mais mulheres no setor e que o trabalho delas pode ser mais valorizado.

 

FALE DO QUE A MOTIVA NESTE TRABALHO COMO PRESIDENTE DO COMITÊ DE MULHERES DA ABRAVA…

Pensando no business… É trazer a inovação e todos os resultados positivos da igualdade de gênero para as empresas do setor. E, pensando em pessoas, é ver mais mulheres, atingindo seus objetivos e conseguindo se desenvolver no setor AVAC-R.

 

COMPLETE AS FRASES:

O COMITÊ DE MULHERES DA ABRAVA incentiva as mulheres a estarem atentas às boas práticas ambientais, porque…

ressalta a capacidade do poder de transformação e de influência, que as mulheres têm, em prol do meio ambiente. Nós podemos mudar para melhor. Mudar a forma de usar os fluidos refrigerantes, com mais respeito ao meio ambiente, mudar a forma de viver e fazer!

 

O setor AVACR deve investir na capacitação de mulheres e na maior diversidade de mão de obra porque…

é preciso que todos percebam e entendam como a entrada de mais mulheres resultará em uma diversidade benéfica para as empresas, trazendo inovação, rentabilidade e formas diferentes de fazer as coisas, para dar espaço para grandes transformações.

 

Eu adoro meu trabalho no COMITÊ DE MULHERES DA ABRAVA porque…

colaboro para somar forças e trabalhar as questões de gênero, para que juntas, nós mulheres, sempre com apoio dos homens, que é importantíssimo, possamos fazer a diferença e chegar à igualdade de oportunidades. 

 

A ESSÊNCIA DO COMITÊ DE MULHERES DA ABRAVA, POR PRISCILA BAIOCO:

“O Comitê de Mulheres da Abrava soma forças para trabalhar a igualdade de gênero no setor AVAC-R, para que existam oportunidades para todos!”

 

Leia a matéria direto na fonte Boas Práticas Refrigeração ACESSE