50 palestras, 1300 participantes, 03 mesas-redondas e a premiação dos 03 melhores trabalhos são alguns dos resultados do maior congresso do setor AVAC-R da América Latina. O legado que fica para o setor é que, é preciso elevar o nível de conhecimento do setor cliente, para que ele possa entender que as boas práticas da engenharia é um benefício à saúde, eficiência energética, meio ambiente, e também financeiro.

 

Entre os dias 11 e 13 de setembro, aconteceu o XVI CONBRAVA – Congresso Brasileiro de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento de Ar, foram 03 dias de difusão de conhecimento pautados por diversos assuntos relacionados ao setor AVAC-R. Com o tema “Novas Tecnologias e Eficiência Energética em Sistemas AVAC-R”, o congresso teve por objetivo a troca de experiência e atualização baseados no que existe de mais modernos em tecnologias e soluções,  no escopo dos segmentos representados.

Cerca de 50 palestras foram ministradas durante o Congresso. Mais de 120 trabalhos foram inscritos vindos de diversas áreas como acadêmica, indústria e profissionais que atuam no setor de forma direta ou indireta. Um dos critérios de escolha da comissão organizadora foi a relevância do tema, assim como, a sua ligação às novas tecnologias, eficiência energética, tendências e impactos.

O presidente da ABRAVA, eng. Arnaldo Basile, ressalta que “A missão da ABRAVA é desenvolvimentista, promove as inovações tecnológicas e a evolução das boas práticas dos 4 segmentos que representamos, Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Aquecimento, incentiva o debate ético para melhor entendimento e mantendo-as acessíveis para servir como fonte de informação atualizada, e inspiração no exercício do aprimoramento profissional e acadêmico”.

 

A premiação

Uma novidade desta edição do CONBRAVA foi referente que a premiação dos três melhores trabalhos apresentados que tiveram seus certificados intitulados com o nome de renomados profissionais do setor que faleceram no último ano, os trabalhos premiados são:  Rafael Reinert – UNIVALI recebeu o certificado “Prêmio João Francisco Peral  Cèspedes – Melhor trabalho” – Proposta de melhorias no sistema HVACR de um rebocador portuário; Fabio Correa, Edivaldo Blanco, Jefferson Lourenço e Rafael Henrique Neves do SENAI recebeu o certificado “Prêmio Aldo Bianco – Melhor trabalho” – Monitoramento via smartphone de unidade Rack; e , Vinicius de Lima e Nísio de Carvalho – Marinha do Brasil/ UFRJ recebeu o certificado “Prêmio Cláudio Melo – Melhor trabalho” – Análise exergética de um sistema de recuperação de calor sensível

 

As mesas-redondas

A cada dia foi aberto um novo capítulo para discussão e integração de ideias com foco nos setores representados. Na programação do Congresso, 3 mesas-redondas deram destaque a temas relevantes para o setor AVAC-R, são eles: Qualidade do Ar Interno, Fluidos refrigerantes e Eficiência Energética.

Para o presidente da comissão organizadora do CONBRAVA 2019, eng. Leonardo Cozac, “O CONBRAVA 2019 foi uma oportunidade ímpar para profissionais do setor AVACR buscar conhecimento técnico e científico, além de, um ótimo momento de fazer networking. Os debates das mesas-redondas foram de alto nível, com uma visão de que, é tarefa de cada profissional do setor em levar a conscientização de temas importantes como Qualidade do Ar Interno, Eficiência Energética e Fluidos Refrigerantes ao mercado consumidor. Com o cliente mais consciente, teremos a aplicação de uma melhor engenharia”.

 

Qualidade do Ar Interior

No dia 11 de setembro, aconteceu a mesa-redonda Qualidade do Ar Interior (QAI), sob coordenação do Prof Dr. Antonio Luís de Campos Mariani. Renomados profissionais nacionais e internacionais dos setores representados e especialistas, em áreas distintas de atuação participaram do debate, são eles: Prof Paolo Tronville – Politécnico de Torino/Itália; Júlio Vidal Lucena – FEDECAI – Federação de Qualidade do Ar da Espanha; Eng° Celso Simões da Trox ; e, Eng° Wili Hoffmann da Anthares.

A proposta para a mesa de QAI desta edição adotou como ponto de partida a apresentação realizada pelo Prof. Paolo Tronville, especialista na área de filtros, do Politécnico di Torino, Chairman de Comissões de Elaboração de Normas Técnicas na Europa e atuante em Comissões da ASHRAE, USA.  O foco de sua apresentação discorreu sobre o desempenho de processos de filtração, com destaque para a norma internacional ISO16890, que propõe novos padrões para avaliar o desempenho de filtros de ar. Esta norma ISO foi publicada no Brasil como NBR ISO 16890-1 em 2018. Atualmente também está em vigor no Brasil, outra norma sobre filtros, NBR16101, publicada em 2012, que segue a norma europeia EN 779, e que adota outras referências para classificar os elementos filtrantes.

Outros pontos de importantes aspectos também estiveram presentes em discussão da mesa e em trabalhos do CONBRAVA, como a definição de quais os valores devem ser adotados para a vazão de ar externo, a existência de muitas instalações sem ar de renovação e sem filtração minimamente adequada. Temas que precisam ser continuamente debatidos para que o ar condicionado cumpra sempre sua principal missão: garantir bem-estar, conforto e saúde de seus usuários.

Diversos temas ganharam destaque na mesa-redonda, aspectos que foram discutidos e que apresentaram contribuições dos especialistas e do público presente no debate, são eles:

A – Aplicação da nova norma de filtros, NBR ISO 16890:

  • Apresenta nova abordagem que será muito útil para aplicação na engenharia de filtração. Na NBR ISO, a avaliação dos filtros é realizada por faixas de tamanhos de partículas, especificamente PM10 (partículas entre 0,3 e 10 µm), PM2,5 (partículas entre 0,3 e 2,5 µm), PM1 (partículas entre 0,3 e 1 µm);
  • A nova norma, ISO 16890, tem recebido grande aceitação na Europa e na Ásia. Contudo nos EUA pode haver alguma resistência na implantação;
  • É possível utilizar aplicativos, tipo planilhas de cálculo, para realizar cálculos realizando projeto para aplicação de filtros. É preciso adotar informação sobre qual é a distribuição de partículas, por faixa de tamanho, presentes no ar a ser filtrado. Na norma há uma proposta de distribuição típica de partículas, sólidas e líquidas, em suspensão no ar, em função de suas características;
  • A transição dos padrões que classificam um elemento filtrante, da NBR 16101 (EN779) para a NBR ISO 16890, requer de adaptação dos fabricantes, dos engenheiros de projeto e a conscientização dos proprietários das instalações. Estes últimos podem colaborar com informações que identifiquem quais os particulados estão presentes nos ambientes e precisam ser controlados.

 

B– Benefícios para os usuários dos ambientes e expectativas para a sociedade:

  • A filtragem de particulado, especialmente o fino (PM1 e PM2,5), é fundamental para preservar a saúde dos ocupantes dos ambientes, importante para reduzir riscos, e melhora a produtividade;
  • A sociedade, de modo geral, não sabe da importância deste tema. É necessário investir na educação dos usuários, na legislação que exija cumprimento das normas, e fiscalização;
  • Os benefícios de ambientes com melhor QAI precisam de maior visibilidade para viabilizar maiores investimentos na área. É preciso perceber que a QAI contribui para maior produtividade, e que pode ampliar resultados financeiros para aqueles que investem nas soluções;
  • É preciso realizar avaliações quantitativas sobre estes benefícios da QAI para os ocupantes dos ambientes, um desafio é estabelecer metodologia eficaz para mensurar a melhoria de produtividade, e a redução do número de ocorrências de prejuízos à saúde;

 

Fluido Refrigerante

A mesa-redonda de Fluido Refrigerante realizada no dia 12 de setembro, contou com a coordenação do Prof. Dr. Roberto Peixoto, do Instituto Mauá de Tecnologia. Estiveram presentes os renomados profissionais no debate: Paulo Neulaender – Meio ambiente /Abrava; Arthur Nagai – Chemours; Paulo Napoli – Arkema; Fernando Tanaka – Honeywell; e, Roberto Marvid do Ministério do Meio Ambiente do Uruguay e PNUD

Diversos aspectos foram debatidos na mesa-redonda, apresentando como resultado, algumas conclusões e reflexões, são elas:

  • A eliminação gradual do HFC sob a Emenda Kigali, bem como os regulamentos regionais e nacionais, está levando a indústria a usar refrigerantes com baixo GWP;
  • Alternativas para refrigerantes com alto GWP e novos refrigerantes com baixo GWP já foram propostos, o que cria um desafio que é encontrar o melhor refrigerante para cada aplicação;
  • Espera-se que muitos desses refrigerantes recém-introduzidos desempenhem apenas um papel intermediário no processo de eliminação progressiva, pois, seu GWP ainda pode ser alto para a aplicação futura;
  • Refrigerantes com baixo impacto direto nas mudanças climáticas são frequentemente inflamáveis e podem ter maior toxicidade. Para manter os atuais níveis de segurança, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas, e, será necessário um maior nível de treinamento de campo;
  • Técnicos de manutenção de equipamentos e sistemas de refrigeração e ar condicionado necessitam ser capacitados para o uso de novos fluidos refrigerantes;
  • O HFOs deverão estar em disponibilidade crescente nos próximos anos;
  • Existe uma diferença entre as opções apresentadas na discussão da mesa redonda, que estão implantadas em diversas regiões do mundo, e o que estava sendo apresentado nos stands da Febrava.

 

Eficiência Energética

A mesa-redonda que tratou do tema Eficiência Energética aconteceu no dia 13 de setembro. Sob coordenação do Eng° J.C Felamingo, Union RHAC, Participaram do debate renomados profissionais dos setores representados e especialistas em áreas distintas de atuação, são eles: Engº João Tiziani – Yield Control – usuários; Engº Charles Domingues – C. Domingues  – tratamento químico de águas; Prof. Alberto Hernandez – Politécnica – USP; Engº Mario Alexandre Möller Ferreira– Projetos Avançados – projetistas de sistemas; e, Eng° George G. Szegö – Mecalor – fabricante.

A mesa-redonda foi conduzida sob a perspectiva de elementos como o projeto, a fabricação, a operação e a manutenção. O produto HVAC mudou e está em permanente mudança, o que aumenta a disputa pelo mercado, por um lado melhora-se a sua aplicabilidade e flexibilidade na instalação, mas, por outro dificulta a aplicação de medidas mais eficazes na redução do consumo energético.

O mercado de energias renováveis tem crescido em ritmo acelerado com as fontes solar, eólica e biomassa, interagindo com o usuário final na modalidade. Geração Distribuída” (GD), onde o consumidor pode produzir a sua própria energia elétrica dentro da unidade consumidora. As possibilidades crescem ainda mais com a regulamentação da GD permitindo a utilização de fontes alternativas, como o gás natural (que embora não seja renovável!), em sistemas de cogeração qualificada. Surge então mais uma vertente para os sistemas de HVAC, quando integrados à Geração Distribuída. Dessa forma as instalações de HVAC, de médio ou grande porte, têm a possibilidade de redução do custo operacional quando integradas na geração de energia através da portaria que regulamenta a GD.

Outras informações sobre o CONBRAVA podem ser conferidas no site da ABRAVA www.abrava.com,br e www.conbrava.com.br.