Desafios da profissão, desafios em sala de aula, relação de mulheres com homens no dia a dia, foram alguns dos aspectos abordados no debate a respeito da presença das mulheres na engenharia. A presença ainda é tímida, mas dados apontam que estes números começam a crescer.

No dia 08 de junho, mês em que se comemora o Dia Internacional de Mulheres na Engenharia, o Comitê Nacional de Mulheres da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento realizou sua 10ª. reunião com o painel “Mulheres na Engenharia”. Para abordar o tema, foram convidados docentes da área da engenharia que levaram para o painel informações relevantes do dia a dia em salas de aula, dados estatísticos, desafios profissionais, e muitos conselhos.

Participaram do painel a Profª Dra Anna Cristina de Carvalho, da Fatec Itaquera; Profª Dra Brenda Chaves Coelho Leite, da USP; e o Prof Dr Roberto Peixoto, do Instituto Mauá de Tecnologia. Na mediação do painel, a engenheira Kedma Silva Farsura, responsável pelo atendimento ao cliente de Refrigeração e Ar Condicionado da Danfoss.

A presidente do Comitê de Mulheres, Priscila Baioco, Gerente Nacional de Vendas e Marketing da Armacell, abriu o evento passando então a palavra para Paula Souza, Gerente de Projetos de Customer Experience da Danfoss,  e uma das gestoras do Comitê. Em sua fala de abertura, Paula convidou os participantes a refletirem a respeito da presença das mulheres na engenharia, de forma que seja possível chegar a um novo olhar para esta realidade, por meio de novas perspectivas para o futuro, destacando então, o início de tudo, que se dá nas salas de aulas. Por esse motivo, os convidados eram professores de destaque no setor AVAC-R.

A Profª Anna iniciou o painel destacando a importância de se tratar deste tema, pois se formou em 1989, e desde então houve poucas mudanças.  A presença feminina na Engenharia ainda é baixa, é possível notar uma sensível mudança, mas os números cresceram muito pouco e há muito ainda a ser feito para mudar este cenário. Destacou pontos como o preconceito que ocorre ainda nos dias de hoje, as questões sociais, discriminação quando se comparam homens e mulheres em quesitos como força, sensibilidade, forma de se posicionar, entre outras. Em suma, deixou claro que criar, pensar, desenvolver como fazer melhor, são ações requeridas na engenharia que podem ser feitas por homens e mulheres.

Dando sequência ao painel, a Profª Brenda, está completando 20 anos na carreira acadêmica, destacou o aumento, ainda que muito sensível, da presença feminina nos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia. O aumento é gradativo, mas ainda muito discreto para que haja um avanço perceptível, ficando mais evidente no curso de Engenharia Civil, onde existe uma procura de profissionais da arquitetura, A Profª Brenda trouxe ainda para o painel dados estatísticos para reflexão: dos quase 5 mil alunos de graduação e 1500 de extensão da POLI, a área de engenharia ambiental é a que apresenta maior equilíbrio entre os gêneros, contando com 47% de mulheres em seu quadro discente, seguido de Metalurgia com 39%, Petróleo 37%, e Mineral 30.  Como curiosidade, dos 17 cursos oferecidos pela instituição, a engenharia mecânica, curso ligado diretamente às áreas representadas pela ABRAVA, conta apenas 4% de mulheres. Ela acredita que estes números podem ser mudados. Por exemplo, no caso da Engenharia Mecânica, a fundamentação no bem-estar das pessoas, saúde, conforto dos ambientes, e segurança pode atrair mais mulheres para o setor, uma vez que o foco deixa de ser somente a parte mais técnica, trazendo uma abordagem mais humana e sensível à área

Já o Prof. Roberto Peixoto iniciou dizendo que as características de mudanças da presença feminina no campo profissional e na sociedade estão em sintonia com o mundo. É fato que existe uma estratégia para que a mulher passe a ocupar mais espaço por meio de uma atuação mais presente. Como coordenador de opções técnicas de refrigeração e ar condicionado no Programa de Meio Ambiente para o Protocolo de Montreal das Nações Unidas, destaca a importância de atuar em sintonia com as novas políticas da ONU na busca de equilíbrio entre os gêneros. De acordo com números do Instituto Internacional de Refrigeração, existem apenas 3% de mulheres atuando em áreas técnicas e de pesquisas, mas em seu grupo este número é maior. Peixoto discorreu também a respeito das características históricas da mulher, destacando o dom de “cuidar” como principal qualidade – cuidar da família, cuidar da alimentação, cuidar do meio ambiente etc. Esses atributos talvez justifiquem a predominância da presença feminina em cursos de engenharias como ambiental, alimentar, entre outros, mas sem deixar de lado características como foco, paciência, resiliência, determinação e ações que possam fazer a diferença na engenharia.

 

Para quem não pôde assistir ao painel, o evento pode ser conferido no canal de Youtube oficial da ABRAVA acesse AQUI