A busca do autoconhecimento e de atitudes positivas são fundamentais para qualquer pessoa, mas quando se trata de mulheres que conheceram a maternidade, estes aspectos ganham ainda mais importância. Esta foi uma entre as várias indicações que a psicóloga e escritora Thais Gimenez deu durante o webinar “Mãe Maravilha: A desconstrução da mulher perfeita”, promovido pela ABRAVA, por meio do Comitê de Mulheres, no último dia 5 de maio.

Especializada em análise corporal e no comportamento da mulher moderna, a autora do livro Técnicas para aperfeiçoar relacionamentos pessoais e profissionais, a palestrante deixou claro que o perfeccionismo perseguido pelas pessoas, especialmente as mães, pode acabar se transformando em autoexigência, processo prejudicial ao lado emocional.

“Isto porque as expectativas e exigências estão ligadas aos comportamentos que aparecem como necessidade de controle de tudo e todos”, afirmou ela, ao apontar que atitudes perfeccionistas têm potencial para gerar insegurança, especialmente para as mães, que acabam se questionando se estão criando bem os filhos.

Thais também abordou as relações pessoais, considerando que o ambiente de aversão ao erro, provocado pelo perfeccionismo, leva a um clima de medo e terrorismo.

A psicóloga aproveitou para falar sobre os desafios que as mães tiveram com as mudanças provocadas pela pandemia de Covid-19, que levou os profissionais a trabalhar no sistema de home-office, tendo de conviver com um ambiente misturado, entre o trabalho, a casa e a família.  “É preciso dar limites para nós mesmos”, completou.

A especialista também deu dicas muito simples sobre exercícios de alongamento para relaxamento e bem-estar, principalmente para quem trabalha muitas horas sentado e em frente ao computador. Alguns minutos podem fazer a diferença para evitar dores e tensões.

O webinar contou com a participação de três profissionais do AVAC-R que encontraram, na maternidade, uma nova perspectiva de vida. Elas compartilharam histórias de vida sobre a relação com seus filhos.

Para Priscila Baioco, Presidente do Comitê de Mulheres da ABRAVA, e gerente nacional de vendas e marketing da Armacell, mãe da Lara de 7 anos “A busca pelo equilíbrio entre a vida profissional e a maternidade não é uma tarefa simples, mas é extremamente gratificante e prazerosa quando chegamos a ele – como mencionou Thais “vamos abrir mão da perfeição podermos experimentar o extraordinário!” Este evento nos proporcionou mais um experiencia incrível junto de outra mulheres do setor e seguramente todas nós saímos de lá com um anova visão sobre muitas situações cotidianas. Nem tudo será perfeito  e está tudo bem!

 

Depoimentos

Mãe de Guilherme, de 4 anos, a tecnóloga em administração Walquíria Duarte, de 37, vendedora técnica na Fancold, descreveu sua experiência materna sob a ótica de quem atuou por 18 anos, em campo, na área de ar-condicionado.

Pós-graduada em ar-condicionado e licenciada em matemática, ela decidiu ser mãe em 2016, logo comunicando à empresa. Na época, seu marido trabalhava no interior paulista, e ela recebeu todo o apoio. Por isso, conseguiu trabalhar plenamente até 15 dias antes do parto.

Walquíria voltou ao serviço quando Guilherme completou cinco meses de vida, e confessa que esta foi uma fase muito difícil por causa da amamentação e da introdução de novos alimentos ao cardápio do bebê.

“A empresa me mudou de departamento, mas continuei na área comercial, com uma nova rotina e novos clientes. Voltar a trabalhar foi muito difícil, porque acabava ficando longe dele, com muita saudade”, lembrou.

Engenheira civil e de segurança do trabalho e perita judicial, Ana Paula de Camargo Kinoshita, de 49 anos, mãe da Paulina, de 10, não considera que teve uma maternidade tardia, mas que ela veio na hora certa, uma vez que ficou viúva um ano e meio após o nascimento da criança.

“Tive de buscar forças para construir uma nova história. Além de ser mãe, tive que exercer a função de pai”, contou, salientando que um tempo após o falecimento do marido, buscou forças para adquirir mais conhecimento da sua área e, por amor à filha, abriu mão do mundo corporativo para atuar por conta própria.

“A minha filha participou muito comigo de todo este processo, e muitas pessoas me estenderam a mão nos momentos mais difíceis”, orgulha-se.

Mãe de dois filhos – João Pedro, de 9 anos, e Júlia, de 2 –, a profissional de marketing Daniela Teles, de 29, da multinacional Chemours, precisou se adaptar à nova realidade trazida pela maternidade, visto que não teve, na infância, um claro referencial materno, inclusive porque não conviveu, em casa, com outras crianças.

Quando ficou grávida, buscou conhecimento em livros, na Internet, em artigos sobre o tema, enfim, tudo para aprender a ser uma boa mãe, pois tinha a sensação de que os outros a julgavam por ser muito nova e passível de cometer muitos erros na criação do filho.

“Eu queria ser a mãe perfeita, fazia questão que o meu primeiro filho fosse simpático com todo mundo, que sorrisse e cumprimentasse todos, e até queria amamentá-lo por dois anos”, relatou.

Após um ano nessa rotina, teve problemas para conseguir dormir, porque passava a noite inteira amamentando, o que prejudicou o seu desempenho no trabalho. Com a segunda filha, já experiente, conseguiu abrir mão do modelo teórico e engessado presente em livros e pesquisas.

“Quando a Júlia nasceu, eu já sabia de tudo e estava disposta a evitar certas coisas”, complementou, ao relembrar que, durante a pandemia, atuando em home-office, enfrentou o desafio de se trabalhar e cuidar de dois filhos, ao mesmo tempo.

“Foi uma loucura, mas tive ajuda de uma grande rede de apoio, com pessoas maravilhosas que me ajudaram muito”, lembrou a hoje experiente mamãe.

A íntegra do evento está disponível no canal oficial da ABRAVA no YouTube.