O desafio representado pelo emprego de peças de má qualidade e o trabalho de profissionais com formação nem sempre ideal figura hoje entre as principais preocupações da Câmara de Climatização do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa-SP).

O diretor da área na entidade, Alexsandro Faride, começa destacando a utilização de peças que acabam se rompendo, fissurando ou quebrando durante a realização dos reparos dos sistemas de ar-condicionado automotivo.

Com isso, podem ferir os profissionais ou então reduzir brutalmente a eficácia dos consertos, além de provocar o chamado efeito cascata, ao prejudicar outros itens mecânicos dos veículos.

Mineiro – como Faride é mais conhecido, inclusive no AVACR – assegura que problemas do gênero têm atingido compressores, condensadores, evaporadores e até mesmo mangueiras.

”Vários itens básicos nas oficinas têm chegado cada vez mais do exterior sem homologação para suportar as altas pressões empregadas em nossa especialidade”, lamenta ele, a exemplo da falta de informações fornecidas pelas indústrias, inclusive as confiáveis.

”Nossa recomendação é que os profissionais procurem adquirir o máximo possível de peças originais, devidamente homologadas pelos fabricantes”, defende o dirigente.

Ele sugere ainda o uso de ferramentas específicas aferidas em boas condições de trabalho, como reguladores de pressão, mangueiras, engates rápidos e Equipamentos de Proteção Individual – EPIs.

Boas práticas

Contudo, Mineiro acredita que de 30% a 40% dos acidentes resultem do despreparo técnico, conforme lhe permitem supor seus mais de 30 anos de mercado, incluindo a atuação como presidente-fundador e sócio do Clube dos Refrigeristas de São José do Rio Preto.

Para o diretor geral da Mastercool do Brasil, o igualmente experiente André Eduardo Oliveira, o aspecto ressaltado pelo seu colega de profissão e empresário recebe sim um empurrãozinho extra do fator humano, já a partir do manuseio, nem sempre adequado, de itens fundamentais como manômetro e vacuômetro.

”As explosões na pressurização ocorrem, principalmente, porque há técnicos que usam o cilindro de nitrogênio, cuja pressão se situa entre 1000 e 2500 psi, sem regulador”, e o ideal no veículo é fazer o teste aplicando em torno de 250 psi”, explica.

“Em outras palavras, quando o técnico faz a famosa ‘diretinha’, ele acaba estourando algum componente devido ao excesso de pressão”, acrescenta André, com base em sua experiência, também na casa das três décadas.

Diante desse cenário, a necessidade de cursos de formação profissional se faz urgente, no entender do executivo da Mastercool, para quem existe grande similaridade entre o prestador de serviço em AC automotivo e o técnico instalador de split.

”Ambos têm pouca barreira para entrada no setor e começam a trabalhar sem formação, apenas repetindo as práticas de campo que circulam entre os próprios profissionais, sem um protocolo de procedimento embasado em técnica e boas práticas”, acentua.

Não por acaso, Mineiro constata vir aumentando também o número de desastres e quebras acidentais de máquinas nos segmentos residencial, comercial e industrial.

Embora faltem números oficiais a respeito, ele baseia sua crença nas muitas informações trocadas entre os cerca de 5 mil membros do Clube dos Refrigeristas, que transitam por vários grupos de WhatsApp.

Portanto, profissional, o negócio é escolher bem as peças que compra, e aprimorar sempre sua forma de trabalhar, para não se tornar mais um número de uma triste estatística que a ninguém interessa.

 

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