Setor segue se recuperando da pior crise de sua história, que teve auge em 2016, e tem otimismo moderado para este ano; impacto de lançamentos na construção civil só deve ocorrer em 2019
Após passar por uma grave crise, fabricantes de ar-condicionado projetam crescimento para 2018, puxado pelo segmento residencial. Os demais mercados devem apresentar desempenho mais moderado.
“Nossa expectativa é positiva, com a continuidade da recuperação do mercado residencial, que deve ter um avanço pelos fabricantes de 11% sobre 2017”, disse a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). De acordo com a entidade, o segmento de ar- condicionado central deve ter uma retomada menor neste ano, variando entre 5% e 9% conforme o tipo de produto aplicado.
Entre 2015 e 2017, essa indústria enfrentou a pior crise de sua história, afetando diretamente o Polo Industrial de Manaus (PIM). A queda chegou a 57% em 2016. Ocorreram demissões e o número de fabricantes de equipamentos de ar-condicionado residencial individuais (conhecidos como de janela) foi reduzido de cinco para dois.
“A Gree foi a única empresa do ramo que não interrompeu sua produção nesse período. Outros concorrentes pararam. É preciso superar a recessão econômica, não só o setor de ar-condicionado, mas toda a indústria”, aponta o analista de marketing da Gree, Alexander Guimarães.
Em 2017, o mercado apresentou recuperação através de equipamentos conhecidos como “splits” (aparelhos divididos compostos por duas unidades), fechando o ano com a venda de 2,49 milhões de unidades, crescimento de 24% em relação a 2016, mas ainda abaixo dos níveis pré-crise.
Já o ar-condicionado de janela teve queda de 22% em 2017, com apenas 316 mil unidades vendidas. “As principais causas são os preços dos aparelhos, mais caros que os splits, e o custo de montagem em Manaus”, avalia o presidente do departamento de ar-condicionado residencial da Abrava, Toshio Murakami.
Grandes projetos
O presidente do departamento nacional de ar-condicionado central da Abrava, Luciano Marcato, afirma que esse segmento, que inclui prédios públicos, infraestrutura e instalações corporativas e industriais, sofreu uma significativa redução. “Tanto em tamanho, quanto em faturamento, ficando seu volume da ordem de 45% a 50% menor que o marco histórico do ciclo 2013/14.”
Segundo a Abrava, o setor comercial tem mostrado pequena melhora desde o segundo semestre de 2017, puxada pelo varejo e atacado, devido a maior confiança da população na manutenção do nível de emprego, com edifícios corporativos e shopping centers mostrando tendência de recuperação moderada, em especial nas instalações existentes, com consumidores buscando redução do consumo energético. “A grande demanda da Gree vem do comercial, nossa perspectiva de crescimento é otimista”, afirma Guimarães. A empresa não abriu os números de suas projeções.
Em relação ao segmento industrial, a Abrava prevê uma lenta recuperação, puxada pelo setor automotivo, “que iniciou um novo ciclo de investimento entre 2017 e 2020.” A entidade estima que parte destes recursos das empresas será aplicado em sistemas centrais de ar-condicionado e refrigeração industrial.
Guimarães acredita que a demanda de novos projetos da construção civil só deve ocorrer a partir de 2019. “Melhora primeiro o comércio, depois as construtoras. O ano de 2016 foi fraco e em 2017 parou totalmente.” Apesar do cenário ainda tímido para grandes obras, a empresa irá fornecer os equipamentos de ar-condicionado, aquecimento e ventilação para a 2ª fase da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA).
“É um projeto grande, vai passar por diversos estados. Vamos aumentar o nível de sofisticação das instalações e garantir a segurança das pessoas que estarão trabalhando no local”, afirma Guimarães.
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