Circularidade mostra que a substituição gradativa de fluidos refrigerantes não é a única contribuição do setor para o futuro do planeta

A meta global de reduzir sensivelmente, até 2030, a presença na atmosfera dos gases de efeito estufa, buscando a neutralidade climática até 2050, tem na economia circular um dos seus pontos de apoio, por meio de tratamento adequado de resíduos, com as respectivas reutilização, reciclagem e recuperação de matérias-primas ao longo das cadeias produtivas.

Observar tais condutas permite o reaproveitamento de importantes insumos que, se novamente extraídos da natureza, aumentariam mais ainda sua influência danosa ao meio ambiente, inclusive ao consumir água e energia durante novos processos fabris.

Em meio a tal pano de fundo, desponta com toda a intensidade o assunto economia circular, cujo próprio nome indica a manutenção de um círculo virtuoso, cuja interrupção pode lançar por terra boa parte dos benefícios ambientais obtidos quando equipamentos já descartados ainda estavam em campo, operantes.

No AVAC-R o tema tem deixado de ser exclusividade de grandes empresas, responsáveis por linhas de montagem igualmente gigantescas, algumas delas já estruturadas internamente para lidar com toda essa questão.

É que, mesmo com demandas proporcionalmente menores nesse segmento, negócios de diferentes portes já pensam igualmente grande sob a ótica ambiental, e resolvem recorrer a especialistas na área.

O rol de empresas que atende clientes assim inclui a Ecosuporte, de Americana (SP), que desde 2007 se dedica a esse mercado, notadamente composto por companhias de capital aberto certificadas e, mais recentemente, também as especializadas em facilities.

“Atuamos na manufatura reversa de equipamentos contendo gás refrigerante, cobrindo todas as etapas para o fechamento do ciclo de vida dos equipamentos inservíveis”, explica o diretor da empresa, Thiago Pietrobon, que atualmente também é diretor adjunto de meio ambiente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).

O engenheiro diz ainda que, além de uma linha especialmente voltada à logística reversa de embalagens de gás, a Ecosuporte fornece todo o respaldo consultivo necessário à gestão de resíduos, redução de vazamentos, retrofit para fluidos refrigerantes de menor impacto ambiental e inventário de emissões.

Cultura

Por mais que conceitos, valores e obrigações relacionados à economia circular já estejam bem mais difundidos, na comparação com o quadro predominante anos atrás, Pietrobon lamenta o distanciamento ainda existente entre discurso e prática nesse campo, um dos gargalos cuja reversão ele considera prioritária.

“O acesso a informação mais facilitada, para que formadores de opinião consigam se posicionar e induzir à mudança, é de suma importância”, avalia. “Ações fiscalizatórias também trazem resultado, mas há formas de chegarmos ao mesmo resultado de maneira menos impactante para todos”, defende.

Por fim, o executivo espera que, quando os mercados de carbono e a precificação baseados em impacto ambiental avançarem, “teremos também a força da economia financeira na tomada de decisões”.

 

Thiago Pietrobon, diretor da Ecosuporte e diretor de meio ambiente da Abrava, em palestra na entidade | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica

Thiago Pietrobon, da Ecosuporte, espera avanços na precificação do carbono para que a circularidade no AVAC-R ganhe mais um impulso econômico | Foto: Nando Costa/Pauta Fotográfica

Resultados

Além de preservar recursos naturais e a própria saúde humana, a economia circular aparece, direta e indiretamente, no balanço de seus adeptos, pois os ganhos econômicos geralmente obtidos quando se trabalha de forma mais racional em todas as etapas de uma cadeia produtiva, e ela também significa a prevenção de processos judiciais e problemas regulatórios, que além dos cofres são pródigos em atingir reputações corporativas.

A In-Haus Industrial, prestadora paulistana de serviços de manutenção predial e industrial, é uma das testemunhas dos resultados positivos surgidos quando se coloca entre as metas do dia a dia produzir de forma mais amigável com a natureza e a sociedade.

“Na época da contratação da Ecosuporte, em 2007, éramos responsáveis pela manutenção de cerca de três equipamentos de refrigeração e ar condicionado de diversos tipos – splits, chillers, selfs, câmaras frias e bebedouros – e realmente havia uma grande demanda para destinação de botijas de fluidos refrigerantes de maneira ecologicamente correta”, relembra Bruno Oliveira, gerente de contratos da empresa integrante do Grupo GPS.

“Ao longo dos anos, fizemos um trabalho de revitalização que fez essa demanda cair, mas ainda continuou a existir, até o fim do nosso contrato com o cliente. A meta era diminuir ao máximo a necessidade de reposição desse tipo de insumo, mas enquanto houvesse essa necessidade tentaríamos mitigar ao máximo o impacto ao meio ambiente. E o trabalho da Ecosuporte foi ao encontro desse pensamento”, conclui o engenheiro de automação.

Por Wagner Fonseca – Blog do frio – Leia direto na fonte AQUI