Legionella pneumophila, bactéria responsável por 90% dos casos de uma grave pneumonia que costuma acometer pessoas com baixa imunidade, continua a preocupar engenheiros, técnicos, projetistas e consultores da área de climatização, gestores de edifícios e profissionais de saúde em todo o mundo.

Embora seja uma enfermidade respiratória conhecida há muitos anos, surtos recentes aumentaram a conscientização sobre ela, suas causas e estratégias de prevenção, disse a pesquisadora Patricia Graef, diretora da Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Ashrae).

A especialista norte-americana participou hoje do 8º Seminário Internacional da Qualidade do Ar de Interiores, encontro promovido pela Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) e o capítulo brasileiro da Ashrae no Senai Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo.

Segundo ela, a entidade técnica global do setor tem estado ativamente envolvida no fornecimento de informações sobre o tema desde 1979, após os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA identificarem o micro-organismo que havia contaminado 221 dos quatro mil participantes do Congresso da Legião Americana, em agosto de 1976, num hotel da Filadélfia.

A maioria dos veteranos de guerra que contraiu a doença causada por essa bactéria até então desconhecida teve de ser internada em unidades de tratamento intensivo (UTIs), e 34 deles morreram.

À época, a investigação conduzida pelas autoridades sanitárias norte-americanas, que descobriu a Legionella no sistema de ar condicionado do hotel, rendeu matérias televisivas dramáticas e muitas reportagens de capa em revistas conceituadas.

Atualmente, as autoridades norte-americanas da área de saúde estimam que ocorram de oito a 18 mil casos por ano nos EUA, dos quais mais de 10% são fatais. No Brasil, dados extra-oficiais indicam que a legionelose é responsável por matar em torno de cinco mil pessoas todos os anos.

Por ser uma doença para a qual não existe vacina, sua prevenção depende da manutenção adequada dos sistemas prediais de circulação de água, uma vez a Legionella necessita de água e de determinada temperatura para sobreviver, encontrando condições ideais entre 35 ºC e 46 ºC.

Na maioria dos casos, elas chegam ao organismo humano através das vias respiratórias, transportadas por gotículas d’água liberadas no ar.

“Os sinais e sintomas da doença dos legionários incluem tosse, falta de ar, febre elevada, dores musculares e dores de cabeça”, salientou Graef, pouco antes de falar sobre a Ashrae 188 – Legionelose: Gerenciamento de Risco para Sistemas de Água Prediais.

Publicada pela primeira vez em 2015, a norma estabelece requisitos mínimos de gestão de risco para controlar a transmissão da legionelose por meio de sistemas de abastecimento de água.

O regulamento técnico aplica-se a edifícios comerciais, institucionais, plantas industriais ocupadas por seres humanos e unidades residenciais múltiplas abastecidas por um único sistema de água.

“A Ashrae 188 destina-se aos proprietários e gerentes dessas instalações e também para aqueles envolvidos em seu projeto, construção, instalação, comissionamento, operação e manutenção de sistemas de água prediais e dispositivos específicos, como torres de resfriamento, piscinas, fontes ornamentais e banheiras de hidromassagem, entre outros”, explicou

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