O presidente do Departamento Nacional de Meio Ambiente da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, Thiago Pietrobon, esteve em Baku, no Azerbaijão, representando a associação e o SINDRATAR SP e marcando presença como setor AVACR.
A COP estava marcada para ocorrer de 11 a 22 de novembro, mas seu encerramento foi postergado diante da dificuldade para obter consenso quanto ao financiamento climático. A decisão foi recebida com aplausos.
A participação de um representante no evento, reforça o compromisso com soluções inovadoras e sustentáveis para o setor de climatização e refrigeração. Durante o evento, Thiago cumpriu extensa agenda, e acompanhou as discussões centrais da COP29 e aquelas específicas de AVACR. Esta COP tinha 3 metas principais:
- Reestabelecer o mercado de carbono mundial, o que foi alcançado, pelo fechamento de uma discussão de 9 anos sobre os processos de validação das vendas entre os países. E o Brasil entra nesta discussão fortalecido, por ter sua lei de mercado regulado já aguardando a sanção presidencial e por ter apresentado suas metas de descarbonização (NDCs) sobre as quais será possível definir a partir de quando as reduções nacionais gerarão créditos comercializáveis. Ainda é o início, mas a estrutura está montada para que o país possa a capitalizar mais este recurso.
- Criar as diretrizes de adaptação às mudanças do clima, o que também foi aprovado, permitindo um nivelamento das ações e facilitação do financiamento. Novamente o Brasil está na vanguarda, pois atualmente o Plano Nacional de Adaptação está em consulta pública e sua elaboração certamente considerará as diretrizes hora firmada. Na prática, é uma mudança importante para as nações assumirem ações diferentes das atualmente adotadas, e que certamente reduzirá perdas e mortes causadas pelo avanço da mudança do clima.
- E o principal ponto de debate – o financiamento climático. Os países desenvolvidos tinham uma meta de 100 bilhões de dólares anuais para um fundo de combate as mudanças do clima, que nunca havia sido cumprida. E a mais recente atualização das consultorias dos próprios países desenvolvidos, mostrou que este atraso e inação custo caro – agora seriam necessários 1,3 trilhão de dólares anuais para conter as mudanças do clima. O acordo alcançado após 30 horas extras de negociação, além do previsto para o fim da COP29, chegou a um piso mínimo de 300 bilhões de dólares ao ano, até 2035, e o desenvolvimento de um roadmap sobre como alcançar a marca de 1,3 trilhão de dólares/ano.
Thiago relatou que, sob o ponto de vista de que seriam necessários 1,3 trilhão, e o que conseguiram apenas 300 milhões, a COP29 tem sido criticada pela baixa ambição dos países ricos. Isso se agravou com a circulação dos valores aportados para as guerras em curso, que superam o necessário ao enfrentamento da crise climática.
Sob um olhar otimista, temos agora 3 vezes mais recursos para as ações e mantivemos vivo tanto a meta de 1,5oC de elevação máxima da temperatura até o final deste século, quanto a confirmação que o multilateralismo – esta forma democrática de construir compromissos globais – ainda que lenta e trabalhosa, segue exitosa, na direção correta e resiliente as investidas contrárias de organizações e até países contrários ao sistema atual.
Para o setor AVACR, o que se viu foi a ampliação dos compromissos de descarbonização e eficiência energética, como o Global Cooling Pledge. Tivemos, pela 2ª vez na história das COPs, um pavilhão inteiro dedicado a Cooling and Building, muito focado na construção dos National Cooling Plans sobre transição. No pavilhão japonês, tivemos um dia inteiro dedicado ao Gerenciamento do Ciclo de Vida de equipamentos contendo fluidos refrigerantes, compartilhando exemplos de dezenas de nações sobre como garantir que não haja lançamento para atmosfera a partir de equipamentos obsoletos. E no stand da CNI, diversos painéis sobre economia circular e rastreabilidade de resíduos, onde a ABRAVA marcou presença.
Com a COP29 e rumando para COP30, o setor AVACR ganha cada vez mais destaque – Frente as metas brasileiras, as NDCs, segundo dados do Protocolo de Montreal, em 2023, entrou no Brasil mais de 90 milhões de toneladas de CO2e em HFC. E isso representa quase 10% da meta assumida para o Brasil até 2035, fazendo com que o desafio do gerenciamento de resíduos de fluidos refrigerantes e os esforços de descarbonização na manufatura passem a receber mais atenção, ter maior valor atribuído e que venham a ser oportunidades, para o setor, para o Brasil e para o Mundo.
Fotos tiradas durante a COP 29
1 – Thiago com Rodrigo Agostinho (presidente IBAMA)
2- Thiago com Graeme Maidment da FInstR. Professor de Heating And Cooling (London South Bank University, do Cooling Pavilion)
3- Thiago com Jorge Viana (presidente da ApexBrasil)
4- Cerimônia de abertura
5- Plenária principal
6- Pavilhão Brasil