Protagonistas quando o assunto é inovação, os fluidos refrigerantes atuam de forma pioneira para manter a eficiência do setor de refrigeração e ar condicionado comercial. Estimamos que, no Brasil, mais de 95% dos fluidos utilizados nestes segmentos são fluorados e isso mostra que vivemos um momento único, onde temos uma ampla gama de soluções sendo ofertada às aplicações de diversos portes e estruturas. Esse caminho leva a padrões não convencionais, em que as empresas estão mais atentas aos produtos e procuram ter mais conhecimento sobre as ofertas do mercado.

 

Por isso, na hora de escolher a melhor solução para determinado equipamento, as companhias consideram as características de cada fluido refrigerante, tais como inflamabilidade, toxicidade, eficiência energética e impacto ambiental. Entre os fluidos utilizados pelo setor estão os fluorados, como o hidroclorofluorcarbono (HCFC), hidrofluorcarbono (HFC) e hidrofluorolefinas (HFO); além de amônia, CO2 e os hidrocarbonetos que são utilizados de acordo com suas particularidades e aplicação.

 

Além de pensar em suas variáveis, o mercado também está sendo pautado pelo compromisso com a sustentabilidade ambiental, já que os países estão apoiando o Protocolo de Montreal – tratado climático que prevê a redução das emissões equivalentes de CO2 em quase 20 vezes – para a diminuição dos impactos globais na atmosfera e planeta. Ciente disso, a indústria tem trabalhado no desenvolvimento de novas soluções que entreguem qualidade sem abrir mão das premissas acordadas. A tecnologia baseada em hidrofluorolefina (HFO), considerada como a nova geração de fluidos refrigerantes, apresenta características ambientais superiores aos HCFCs e HFCs, pois não possui potencial de degradação da camada de ozônio e seu potencial de aquecimento (GWP) é mais baixo também – inclusive já existem soluções com 1 de GWP (igual ao CO2).

 

No Brasil, e também globalmente, o fluido refrigerante Opteon XP40 (R-449A), que tem GWP de 1282 e uma redução de cerca de 67% em relação ao HFC R404A, tem sido adotado como substituto do R404A e R-22. A substituição do R404A contabiliza economia energética de 3% a 12% (dependendo do sistema), com payback de menos de um ano. Entre as vantagens deste fluido não inflamável está a utilização em equipamentos novos e em retrofit. Além disso, não há necessidade de grandes alterações no sistema, pois ele utiliza o mesmo equipamento e mesmo óleo lubrificante do R404A.

Já vemos exemplos no Brasil de operações de refrigeração comercial que investem em sustentabilidade e eficiência energética por meio do uso destes fluidos refrigerantes. A Frigo Foods, distribuidora de alimentos congelados e resfriados do interior do estado de São Paulo, tornou-se a primeira companhia no país a aplicar R-449A em suas câmaras frigoríficas. Além de reduzir a pegada de carbono da operação, o retrofit proporcionou economia de energia de 9% no consumo energético.

O mesmo processo foi realizado no supermercado mineiro ABC, que utilizava glicol com R404A, e foi substituído por glicol com R-449A. Já em uma grande rede nacional de supermercados, este produto também foi utilizado para substituição de um sistema de R-22 para uma solução de CO2 com R-449A. Atualmente, o projeto está sendo amplamente estendido para outras lojas com substituição ao R404A e R-22. Além do R-449A, existem outras soluções de baixo GWP. Uma grande produtora de carnes, que utilizava amônia, tornou-se a primeira companhia das Américas a utilizar o HFO R-454C (GWP 146).

Esses exemplos mostram como o setor no Brasil está atento às tendências para a refrigeração comercial e industrial, e fomenta a utilização de produtos de qualidade e que estão em conformidade com as práticas sustentáveis exigidas. Com a expansão de portfólio já disponível comercialmente, o mercado poderá aproveitar não somente os benefícios de eficiência energética, mas também o baixo potencial de aquecimento global.

Renato Cesquini é Presidente do Departamento Nacional do Meio Ambiente da ABRAVA e Gerente de Negócios de Produtos Fluorados da Chemours no Brasil.

 

Artigo publicado no portal da ANUTEC – leia direto na fonte